A mãe do menino espanhol Gabriel Cruz, assassinado pela ex-companheira do seu pai, Ana Julia Quezada, em Almería, em fevereiro de 2018, convocou um comício no próximo sábado, 11 de maio, para rejeitar as produções audiovisuais daqueles que "tentam lucrar com a sua morte."

Numa declaração em vídeo nas redes sociais, Patrícia Ramírez disse, em tom choroso, que desde o início que a família rejeitou "todo o tipo de ofertas" e afirmou continuamente que não queria "participar da realização de documentários ou séries com a morte de Gabriel".

Ramírez anunciou que dará uma conferência de imprensa sobre este assunto no sábado, 11 de maio, para posteriormente participar num comício às 19h30, localizado na praia de Almadrabillas, local que espontaneamente se tornou num altar em homenagem ao menino.

A mãe do pequeno Gabriel, que sempre se disse contra a exposição da imagem de menores vítimas de violência, e que tem lutado contra a realização de documentos audiovisuais ligados ao caso do filho, tem solicitado apoio popular para evitar que estes possam avançar. 

“Infelizmente, neste momento há pessoas que tentam lucrar com a sua morte, prejudicando não só a sua memória, mas desrespeitando a nossa dor e não prestando atenção às regras, quebrando-as”, assegurou ainda. 

Neste sentido, a mãe de Gabriel pediu apoio social para alertar para situações “injustas” para a própria família de Gabriel ou para as de outras vítimas. “Peço-vos que nos ajudem mais uma vez porque não podemos fazer esta jornada sozinhos”, afirmou Patricia Ramírez.

A mãe de Gabriel Cruz já lançou uma campanha de recolha de assinaturas para solicitar à justiça a implementação de uma lei que proíbe "usar e beneficiar" da imagem do filho em meios digitais, páginas web ou redes sociais.

Gabriel Cruz desapareceu no dia 27 de fevereiro de 2018, em Almería, e foi encontrado no dia 11 de março do mesmo ano na bagageira do carro de Ana Julia, namorada do pai do menino. A mulher confessou o crime e revelou que matou a criança depois de uma discussão entre ambos. A morte de Gabriel causou comoção em Espanha e foi condenada pelo rei Filipe VI.

O tribunal espanhol sentenciou Ana Julia Quezada, em 2019, a prisão perpétua com possibilidade de revisão pela morte de Gabriel, o menino de oito anos filho do seu antigo companheiro Ángel Cruz. Os membros do júri deram como provado que Ana Julia Quezada, hoje com 51 anos, matou Gabriel de forma "intencional e impulsiva".

Apesar terem dado como provado o homicídio com violência, descartaram que a mulher tivesse prolongado de forma deliberada o sofrimento da criança. No entanto, assumiram que o menino foi apanhado desprevenido e que houve um aproveitamento da superioridade de Ana Julia face a Gabriel devido à diferença de idades e de constituição física.

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