Irão condena à morte 'rapper' que apoiou protestos por Mahsa Amini

Um tribunal revolucionário iraniano condenou hoje à morte o conhecido 'rapper' Toomaj Salehi por sedição, propaganda contra o sistema e incitação a tumultos durante os protestos que se seguiram à morte da jovem curda Mahsa Amini, em 2022.

TEHRAN, IRAN - SEPTEMBER 18: A view of Iranian newspapers with headlines of the death of 22 years old Mahsa Amini who died after being arrested by morality police allegedly not complying with strict dress code in Tehran, Iran on September 18, 2022. (Photo

© Getty Images

Lusa
24/04/2024 15:36 ‧ 24/04/2024 por Lusa

Mundo

Mahsa Amini

A condenação foi divulgada por Amir Raesian, advogado de defesa do 'rapper', que se encontra detido há mais de ano e meio pelo apoio ao movimento de contestação.

Centenas de pessoas morreram durante os protestos que se seguiram à morte, a 16 de setembro de 2022, da jovem curda iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, três dias depois de detida pela polícia da moralidade por alegadamente não ter respeitado o código de vestuário muito rigoroso imposto às mulheres no Irão.

"O tribunal revolucionário de Isfahan [...] condenou Toomaj Salehi à pena de morte por corrupção na Terra", uma das acusações mais graves no Irão, disse o advogado do cantor, Amir Raisian, citado pelo diário Shargh, acreentando que vai recorrer da decisão.

O advogado explicou que o tribunal considerou as acusações de sedição, conluio e propaganda contra o sistema e incitação a motins contra Salehi como exemplos de "corrupção na terra" e por isso proferiu a sentença de morte contra o músico.

A acusação de corrupção na Terra abrange uma série de crimes contra a segurança pública e a moralidade islâmica.

Raeisian considerou que a sentença "não tem precedentes" e anunciou que recorrerá da decisão.

Salehi foi preso no final de outubro de 2022 e acusado de "corrupção na terra" por apoiar os protestos desencadeados pela morte de Amini.

Em julho de 2023, um outro tribunal revolucionário condenou Salehi a seis anos e três meses de prisão, sentença que foi rejeitada em recurso pelo Supremo Tribunal, que devolveu o caso a um tribunal de primeira instância para o estudar novamente. 

Em novembro de 2023, Salehi foi libertado sob fiança, mas acabaria novamente preso apenas onze dias depois. 

O 'rapper' e dissidente, conhecido pelo seu nome próprio - Toomaj -, já entrou em confronto com as autoridades no passado e foi condenado a seis meses de prisão e multa em janeiro de 2022 por "provocar violência e insurreição", embora a pena de prisão tenha sido suspenso. 

O cantor Shervin Hajipour também foi condenado a três anos e oito meses de prisão por "propaganda contra o sistema e incitação a motins" pela sua canção "Baraye" (Stop), que se tornou o hino dos protestos.

A morte de Amini gerou fortes protestos que durante meses pediram o fim da República Islâmica e só desapareceram após uma repressão que causou 500 mortes e a prisão de pelo menos 22 mil pessoas e na qual foram executados oito manifestantes, um deles em público.

Muitas mulheres deixaram de usar o véu após os protestos como um gesto de desobediência civil e agora as autoridades levaram a chamada Polícia da Moralidade de volta às ruas para reimpor o uso do traje islâmico.

Leia Também: "O que o Irão precisava era sentar-se e dialogar, debater e ouvir"

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