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Conversações de paz na Suíça sem Rússia "sem sentido"

O Kremlin insistiu hoje que negociações sobre a Ucrânia sem a presença da Rússia "não fazem sentido", depois de a Suíça ter anunciado, quarta-feira, que irá organizar uma conferência com esse objetivo, em junho, sem representação russa.

Conversações de paz na Suíça sem Rússia "sem sentido"
Notícias ao Minuto

12:20 - 11/04/24 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

"Já dissemos muitas vezes que um processo de negociação sem a Rússia não faz sentido", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, quando questionado sobre a iniciativa suíça, que deverá reunir representantes de uma centena de países nos dias 15 e 16 de junho.

Quarta-feira, ao anunciar a realização da conferência, o Governo suíço admitiu que a Rússia não tencionava participar na reunião -- "que tem por trás o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden", disse no mesmo dia uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo -- mas mostrou-se confiante no avanço do processo de paz.

"Este é o primeiro passo para um processo de paz duradouro", afirmou a Presidente da Suíça, Viola Amherd, numa conferência de imprensa em Berna, citada pela agência francesa AFP.

Amherd disse que não será assinado um plano de paz na conferência, mas que espera que se realize, posteriormente, novo encontro.

Ao assumir que a Rússia já tinha dado indicações de que não tenciona participar, o chefe da diplomacia suíça, Ignazio Cassis, afirmou que o encontro visa ajudar a traçar um caminho para a paz, na esperança de que Moscovo possa juntar-se ao processo.

Cassis disse que na primeira conferência poderá chegar-se a um acordo "sobre a melhor forma de convidar a Rússia" para a fase seguinte.

Ainda na quarta-feira, e numa reação imediata ao anúncio da conferência, Moscovo considerou a iniciativa como um projeto de Biden.

"Por trás de tudo isto estão os Democratas norte-americanos, que querem fotos e vídeos de um evento deste tipo para mostrar que o seu projeto 'Ucrânia' continua vivo", comentou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, à agência estatal TASS.

Zakharova denunciou os motivos como eleitoralistas, numa alusão à batalha que está a ser travada por Republicanos e Democratas antes das eleições presidenciais de novembro. Os Republicanos têm vindo a bloquear, há meses, a ajuda militar a Kiev.

"As eleições são tudo para eles, a Ucrânia não é nada", afirmou Zakharova, acusando os líderes Democratas de porem "em perigo milhares de ucranianos" ao apoiarem Kiev contra Moscovo. Ao invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022, Moscovo alegou que Washington estava a utilizar Kiev como um instrumento para enfraquecer a Rússia por procuração.

A conferência deverá realizar-se na estância balnear de Burgenstock, junto ao Lago Lucerna (ou Lago dos Quatro Cantões), no centro da Suíça, segundo a agência norte-americana AP.

Espera-se que junte altos funcionários governamentais de dezenas de países, seguindo um plano estabelecido pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e por Cassis nos últimos meses.

O diário suíço Neue Zürcher Zeitung noticiou que o Presidente dos Estados Unidos, que deverá estar, na altura, em visita a Itália, para a reunião do G7, poderá participar na conferência.

Berna disse que as primeiras negociações para organizar a conferência envolveram a União Europeia (UE) e os enviados do chamado Sul Global, incluindo Brasil, China, Etiópia, Índia, Arábia Saudita e África do Sul.

O Governo de Berna acrescentou que "existe atualmente apoio internacional suficiente para uma conferência de alto nível para lançar o processo de paz" na Ucrânia, após mais de dois anos de guerra.

Outra das incógnitas é a China, cujo Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que Pequim apoia uma conferência que seja aceite pela Rússia e pela Ucrânia, o que não é o caso até agora.

Leia Também: Rússia denuncia incursão de ucranianos treinados no Reino Unido

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