De acordo com o Burundi, o grupo RED-Tabara (Resistência pelo Estado de Direito no Burundi) lançou um ataque em 22 de dezembro perto da fronteira com a República Democrática do Congo (RDCongo), matando 20 pessoas, incluindo mulheres e crianças.
Em 30 de dezembro, o Presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, acusou o Ruanda de apoiar os rebeldes, acusações que foram desmentidas por Kigali.
A RED-Tabara, o principal grupo armado que combate o regime liderado por Ndayishimiye, tem uma base na província de Kivu-Sul, no leste da RDCongo, e é atualmente o grupo rebelde mais ativo no Burundi, com uma força estimada entre 500 e 800 combatentes.
"Fechámos as nossas fronteiras (com o Ruanda) e quem tentar ir para lá não conseguirá passar. A decisão foi tomada", declarou hoje à imprensa o ministro do Interior do Burundi, Martin Niteretse.
"Depois de nos apercebermos que tínhamos um mau vizinho, Paul Kagame, um mau vizinho, o Presidente do Ruanda, suspendemos todas as relações com ele até que mude de atitude", afirmou ainda, sustentando que o vizinho ruandês "abriga criminosos que fazem mal" aos cidadãos do Burundi.
Uma testemunha no posto fronteiriço de Kanyaru-Haut garantiu à agência de notícias France-Presse (AFP) que tinha atravessado a fronteira com o Ruanda por volta das 14:40 (12:40 em Lisboa) e que o ponto de passagem tinha sido encerrado imediatamente a seguir.
As relações entre o Burundi e o Ruanda têm sido frequentemente tumultuosas.
Registou-se uma ligeira melhoria após a chegada ao poder de Evariste Ndayishimiye em 2020, mas desde então as relações voltaram a ficar tensas quando o Burundi enviou tropas para ajudar a combater os rebeldes M23 - apoiados por Kigali - no leste da RDCongo.
O Burundi já tinha fechado a fronteira com o Ruanda em 2015, com os dois países a acusarem-se mutuamente de apoiar movimentos rebeldes, tendo a fronteira sido reaberta em 2022.
O grupo RED-Tabara é acusado da autoria de ataques que provocaram mortes no Burundi desde 2015, mas não estava ativo desde setembro de 2021, altura em que foram levados a cabo uma série de ataques, incluindo contra o aeroporto da capital Bujumbura.
"Estes grupos armados foram abrigados e receberam ajuda em termos de alimentação, alojamento e também dinheiro do país que os acolhe. Estou a referir-me ao Ruanda", afirmou o presidente do Burundi em 30 de dezembro.
O Governo de Kigali negou estas acusações, afirmando num comunicado de imprensa enviado à AFP que o Ruanda "não está associado de forma alguma a nenhum dos grupos armados do Burundi".
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