Três feridos e 13 detidos em marcha de contestação em Moçambique

Pelo menos três simpatizantes do principal partido de oposição em Moçambique ficaram feridos e outros 13 foram detidos em escaramuças com a Polícia moçambicana durante uma marcha daquela força política na Zambézia, anunciou fonte oficial.

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Lusa
08/12/2023 15:25 ‧ 08/12/2023 por Lusa

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Autárquicas

"Dos 13 detidos se fez um rastreamento e ficaram apenas seis pessoas detidas. E, dos feridos, contabilizámos três, dois dos quais tiveram ferimentos ligeiros, tendo tido alta", disse a secretária de Estado na província da Zambézia, Cristina Mafumo, citada pela comunicação social local.

O episódio ocorreu na autarquia da Maganja da Costa, onde cerca de 200 simpatizantes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal força de oposição, marchavam, uma vez mais, para contestar os resultados das eleições autárquicas de 11 de outubro.

Segundo a Secretária de Estado da província da Zambézia, os simpatizantes da Renamo entraram em desacatos com as autoridades.

"Eles mostraram uma desobediência, a polícia foi apedrejada e teve de agir. Isso realmente não dignifica o nosso Estado e nós repudiamos essas atitudes", acrescentou Cristina Mafumo.

Na quarta-feira, a Renamo acusou a polícia de protagonizar centenas de detenções arbitrárias e de disparar gás lacrimogéneo contra membros do partido na província de Nampula.

Numa conferência de imprensa em Maputo, o porta-voz daquele partido disse que os episódios ocorreram na quarta-feira, quando alegadamente uma unidade da polícia invadiu as instalações do partido na cidade de Nampula, com o objetivo de resgatar um membro da corporação que foi identificado pela Renamo, à paisana, numa das marchas do partido naquela autarquia.

"Uma vez neutralizado e sem esclarecer as razões da sua infiltração, outros agentes invadiram as instalações da delegação política provincial com gás lacrimogéneo e disparos contra membros da Renamo, numa afronta ao princípio da proporcionalidade e das regras básicas de uma polícia que se pretende republicana e apartidária", declarou José Manteigas, acusando as autoridades de terem prendido "mais de duas centenas de simpatizantes do partido".

"Agentes da PRM, mais uma vez, demonstraram o seu caráter cruel e déspota ao lançarem gás lacrimogéneo contra cidadãos indefesos que marchavam pacificamente naquela urbe, com o objetivo de impedir o exercício do direito à manifestação", acrescentou José Manteigas, que responsabilizou o Governo e o Presidente da República, Filipe Nyusi, pelos alegados crimes praticados pela polícia.

As sextas eleições autárquicas em Moçambique continuam a ser alvo de duras críticas vindas de diferentes partidos da oposição e da sociedade civil, que denunciam uma "megafraude" no escrutínio, com destaque para a falsificação de editais, com algumas decisões de tribunais distritais a reconhecerem irregularidades no processo.

O principal partido da oposição tem promovido marchas de contestação aos resultados das eleições de 11 de outubro, juntando milhares de pessoas em diferentes pontos do país para exigir a "reposição da verdade eleitoral" e já interpôs vários processos-crime, nomeadamente contra os juízes do Conselho Constitucional e agentes do processo eleitoral.

O Conselho Constitucional moçambicano proclamou em 24 de novembro a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) como vencedora das eleições autárquicas de 11 de outubro em 56 municípios, contra os anteriores 64 anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), com a Renamo a vencer quatro, e mandou repetir eleições em outras quatro.

Segundo a CNE, a repetição das eleições, marcada para domingo, vai custar 41 milhões de meticais (595 mil euros), decorrendo em 75 mesas de voto, das quais 18 de Nacala-Porto (província de Nampula), três de Milange e 13 de Gurúè (Zambézia) e na totalidade das 41 mesas de Marromeu (Sofala).

Leia Também: Portugal duplica para meio milhão de euros apoio à educação em Moçambique

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