Nicolás Maduro preparado para recuperar território em disputa com Guiana

O Presidente Nicolás Maduro disse hoje ter um plano para recuperar os direitos dos venezuelanos sobre o Esequibo, em disputa com a vizinha Guiana, um dia depois de terem votado "sim" à proposta de anexação em referendo.

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Lusa
04/12/2023 22:40 ‧ 04/12/2023 por Lusa

Mundo

Venezuela

"O mandato popular marca o início de uma nova etapa na luta pela nossa Guiana Esequiba, para a qual temos um plano, um conceito, uma visão", disse.

Nicolás Maduro falava em Caracas, num ato com as autoridades eleitorais venezuelanas, durante o qual o Conselho Nacional Eleitoral notificou o Presidente da República sobre os resultados do referendo consultivo de domingo.

"Vamos seguir em frente. Este referendo é vinculativo e aqui está o mandato do povo. O mandato popular é sagrado. A voz do povo é a voz de Deus que ontem manifestou-se (...) e nesse sentido, como Chefe de Estado, em todas as minhas ações e em todas as nossas ações, daqui para a frente, não deve haver dúvidas", disse.

Entretanto, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) precisou, hoje que no referendo participaram 10.431.907 venezuelanos, um número inferior aos 10.554.320 votos anunciados no domingo.

"Comunicámos ao povo da Venezuela que tivemos uma afluência importantíssima de 10.431.907 venezuelanos que participaram neste referendo consultivo. Mas, para evitar dúvidas e más interpretações (...) vamos dizer que temos 98,16% da transmissão neste momento já processada", anunciou hoje o presidente do CNE Elvis Amoroso.

Hoje, Luís Vicente León, economista e presidente da conhecida empresa de sondagens Datanálisis, questionou os dados "imprecisos" sobre a participação, divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral, assim como a omissão da abstenção.

"Que difícil resulta analisar um acontecimento que deveria ter sido claramente de interesse nacional e que se politizou, no meio da polarização negativa que o país vive há tanto tempo. O Governo está a fazer tudo o que pode para não se note o que todos notámos. Uma afluência muito abaixo das suas expectativas, o que denota problemas críticos na sua ligação popular e na capacidade de mobilização", escreveu na sua conta da rede social X (antigo Twitter).

Também vários políticos opositores questionaram os resultados sublinhando que o que viram de afluência nos centros eleitorais foi muito diferente do dito pelas autoridades.

Segundo o CNE, 97,83% dos votos foram para "rejeitar por todos os meios, em conformidade com a lei, a linha fraudulenta imposta pela decisão arbitral de Paris de 1899".

Por outro lado, 98,11% disseram apoiar "o Acordo de Genebra de 1966 como o único instrumento jurídico válido para alcançar uma solução prática e satisfatória para a Venezuela e a Guiana relativamente ao diferendo".

95,94% dos votos responderam afirmativamente "em se opor, por todos os meios e em conformidade com a lei, à pretensão da Guiana de dispor unilateralmente de um mar não delimitado, de maneira ilegal e em violação do direito internacional".

Por outro lado, 95,93% dos votos foram a favor da "criação do Estado de Guiana Esequibo e do desenvolvimento de um plano acelerado para o atendimento integral da população atual e futura desse território", incluindo "a concessão da cidadania venezuelana e de bilhetes de identidade" e "incorporando assim esse Estado no mapa do território venezuelano".

A região de Esequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como "zona em reclamação", está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra.

Com uma extensão de 160 mil quilómetros quadrados (km2) e rico em minerais, o Esequibo está sob administração da Guiana, com base num documento assinado em Paris, em 1899, que estabelece limites territoriais que a Venezuela não aceita.

A polémica agudizou-se nos últimos anos depois de a petrolífera norte-americana Exxon Mobil ter descoberto, em 2015, várias reservas de crude nas águas territoriais da zona em litígio.

Leia Também: Venezuelanos votam a favor da anexação do território em disputa com Guiana

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