"Cinquenta camiões com alimentos, medicamentos, água e material médico", bem como dois camiões-tanque com combustível, atravessaram a passagem depois de terem esperado no lado do Egito durante toda a sexta-feira e a manhã de hoje, disseram à agência EFE elementos do Crescente Vermelho e confirmou uma estação de TV egípcia na fronteira, a única saída da Faixa de Gaza não controlada por Israel.
As mesmas fontes também indicaram a travessia para o lado egípcio de Rafah de dezenas de palestinianos com passaportes estrangeiros e vários doentes e feridos, que foram transferidos para hospitais no Egito para tratamento.
O acesso de ajuda humanitária à Faixa Gaza estava paralisado desde que a trégua de sete dias, alcançada por Israel e o movimento islamita Hamas com a mediação do Egito, Qatar e Estados Unidos, para troca de reféns por prisioneiros e entrada de bens no território palestiniano, expirou às 07:00 locais (05:00 em Lisboa) de sexta-feira.
A rede de televisão egípcia ExtraNews confirmou que pelo menos cinquenta camiões com produtos humanitários e "três camiões-cisterna com combustível" entraram na Faixa de Gaza e "alguns já regressaram depois de deixarem as suas cargas em armazéns da UNRWA" (Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina).
A estação egípcia lembrou que durante a pausa dos confrontos "cerca de 200 camiões com ajuda e até sete de combustível entraram em Gaza todos os dias".
A televisão, que exibiu imagens de um dos camiões-tanque na travessia, também observou que dezenas de palestinianos com dupla nacionalidade chegaram hoje ao lado egípcio, juntamente com 12 feridos, a maioria deles graves, que foram transferidos para hospitais em Al-Arish (norte da Península do Sinai), Ismailiya e Cairo.
Antes da pausa humanitária, Israel só permitia que um número limitado de camiões com alimentos e medicamentos chegasse ao enclave palestiniano, após inspeção das autoridades israelitas na passagem de Al-Awja, entre o Egito e Israel e a cerca de 40 quilómetros de Rafah.
De acordo com o Crescente Vermelho Palestiniano, principal organização responsável pela distribuição da ajuda que chega do Egito à Faixa de Gaza, durante os primeiros seis dias da trégua, cerca de 1.132 camiões entraram no enclave, uma média de cerca de 188 por dia.
?A guerra começou em 07 de outubro, após um ataque do braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas, incluindo o lançamento de milhares de 'rockets' para Israel e a infiltração de cerca de 3.000 combatentes que massacraram mais de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestraram outras 240 em aldeias israelitas próximas da Faixa de Gaza.
Em retaliação, as Forças de Defesa de Israel dirigiram uma implacável ofensiva por ar, terra e mar àquele enclave palestiniano, fazendo mais de 15.000 mortos, deixando cerca de 6.000 pessoas sepultadas sob os escombros e 1,7 milhões de deslocados, que enfrentam uma grave crise humanitária, perante o colapso de hospitais e a ausência de abrigo, água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
As partes cessaram as hostilidades durante uma semana no âmbito de uma trégua mediada por Qatar, Egito e Estados Unidos, mas os confrontos regressaram na sexta-feira após falta de entendimento para prorrogar o acordo.
Durante a pausa nos combates, 105 reféns do Hamas foram libertados na Faixa de Gaza, incluindo 81 israelitas e 24 estrangeiros, enquanto Israel entregou 240 prisioneiros palestinianos, todos mulheres e menores, e foi permitida a entrada de ajuda humanitária no território.
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