Ausência da Arménia afeta cimeira para reforçar aliança pós-soviética

A ausência da Arménia prejudicou hoje a cimeira da aliança militar pós-soviética, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), que defendeu o reforço da segurança dentro do bloco, denunciando um avanço da NATO para as suas fronteiras.

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Lusa
23/11/2023 18:49 ‧ 23/11/2023 por Lusa

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Arménia

O primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinian, não participou na reunião em Minsk, depois de criticar duramente a OTSC por abandonar o seu país perante "a agressão" de um Estado que não é membro do grupo, o Azerbaijão.

Ao mesmo tempo que acusava a OTSC de preferir um parceiro a um aliado, a Arménia estreitou as relações políticas e militares com os Estados Unidos e a União Europeia (UE), o que indignou sobremaneira o Kremlin (Presidência russa).

Há um ano, na cimeira do bloco pós-soviético em Erevan, Pashinian já se tinha recusado a assinar a declaração final.

"Chegámos à conclusão de que sempre houve e haverá problemas. Se queremos solucioná-los, então temos de fazê-lo à mesa das negociações, e não emitir insultos sem motivo", declarou hoje o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, anfitrião da cimeira.

Lukashenko não hesitou em condenar "o caráter provocatório" das afirmações de "alguns parceiros", classificando-as como "um presente" para os países que se opõem ao fortalecimento da aliança militar liderada pela Rússia.

A dissolução da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh, após a sua derrota militar pelo Exército azeri em setembro, agravou as tensões com a Arménia no espaço pós-soviético.

O próprio vice-presidente da comissão parlamentar russa das relações com o espaço pós-soviético, Konstantin Zatulin, recordou que a Arménia comprou armamento à Rússia, mas que esta ainda não o forneceu devido à "campanha militar" na Ucrânia.

Apesar das advertências de Moscovo, a Arménia também decidiu ratificar o tratado fundador do Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu um mandado de captura para o líder do Kremlin, Vladimir Putin, por crimes de guerra na Ucrânia (que as tropas russas invadiram a 24 de fevereiro de 2022 e onde travam, desde então, uma guerra de ocupação).

Contudo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros arménio negou hoje que esteja em cima da mesa a saída do país da OTSC ou o encerramento da base militar russa.

"Naturalmente, existem divergências em relação a alguns assuntos. Continuamos a trabalhar neles", asseverou hoje o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros arménio, Mnatsakan Safarian, numa conferência de imprensa.

O porta-voz de Kremlin, Dmitri Peskov, lamentou, em declarações à televisão, a ausência de Pashinian, mas acrescentou que "a OTSC está interessada em que a Arménia continue a participar".

"Esperamos que a Arménia não altere o vetor da sua política externa e continue a ser nossa aliada, nossa parceira estratégica", afiançou.

Entretanto, o assessor presidencial para assuntos internacionais, Yuri Ushakov, mostrou-se confiante em que a Arménia estará presente na reunião informal dos líderes da Comunidade de Estados Independentes (CEI), no final do ano, em São Petersburgo.

E recordou também que o país do Cáucaso assumirá no próximo ano a presidência da União Económica Euro-Asiática.

"Acredito que Pashinian virá receber o testemunho de Putin", afirmou.

Por sua vez, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, salientou que o grau de preparação do sistema de segurança da OTSC "é bastante elevado".

E acrescentou que a Rússia está a fazer "tudo o que é possível" para reforçar o sistema unificado de defesa antiaérea "tendo em conta a experiência da operação militar especial" na Ucrânia.

Com esse objetivo, Putin revelou esta semana ter fornecido ao Tajiquistão, que partilha mais de 1.300 quilómetros de fronteira com o Afeganistão, oito baterias de defesa antiaérea S-300.

Já Lukashenko sustentou que "é necessário encontrar novas soluções para fortalecer a segurança dos países" do bloco e que a OTSC é "um elemento inalienável" para garantir a segurança "da região euro-asiática no seu conjunto".

A propósito, recordou que Minsk recebeu armas nucleares táticas russas para se defender da NATO, que decidiu expandir-se para leste precisamente quando a Bielorrússia se desfez do seu arsenal soviético, no final do século XX.

"Repito-o pela enésima vez, não estamos a ameaçar ninguém. Estamos simplesmente a aprender com a chamada etiqueta diplomática daqueles que fizeram da linguagem da força uma tendência. É a realidade atual. Só a posse de potentes armas nucleares garante a segurança na região e dá direito de voto na arena internacional", afirmou.

O Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, propôs como uma das prioridades para a presidência cazaque em 2024 a aprovação de leis que permitam o destacamento das forças coletivas da OTSC e a livre circulação de contingentes militares, incluindo da aviação militar.

Leia Também: Presidente do Azerbaijão acusa França de favorecer uma guerra no Cáucaso

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