A chegada de um bebé prematuro à família divide muitas vezes a vida e as expectativas dos pais, despertando-lhes também uma série de medos e dúvidas. "De repente e do nada, têm de trocar a imagem ideal que tinham de uma criança nascida a termo, perfeita e desenvolvida, por uma criança que nasceu prematura, com tudo o que isso implica", afirma Simón Lubián, vice-presidente da Fundação Nene, uma organização cujo objetivo é formar, investigar e divulgar informações sobre os problemas neurológicos da prematuridade.
Em entrevista ao El Pais, e no âmbito do Dia Mundial de Prematuridade, que se assinala hoje, 17 de novembro, o especialista vem a público lembrar da importância em acompanhar os pais dos bebés prematuros.
"Quando um bebé prematuro vem ao mundo, os pais têm por vezes dificuldade em aceitar a realidade do seu filho, que tem de estar numa Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e que tem de enfrentar riscos. E isso pode provocar problemas emocionais e, nos casos mais graves, perturbações psicológicas como a ansiedade, a depressão ou a perturbação de stress pós-traumático", afirma o neonatologista do Hospital Universitário Puerta del Mar, em Cádis.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, todos os anos, nascem 13,4 milhões de bebés prematuros o que equivale a mais de 1 em cada 10 nascimentos, sendo que existem quatro tipos de prematuridade.
Os prematuros tardios são os que nascem entre as 34 e as 36 semanas de gestação; os moderados, entre as 32 e as 33 semanas; os muito prematuros, entre as 28 e as 31 semanas; e, por fim, os prematuros extremos, que são os bebés que nascem antes das 28 semanas.
"Quanto mais cedo nascem, menor é a expetativa de sobrevivência", acrescenta Lubián, lembrando, porém, que a medicina está muito avançada e que "a taxa de sobrevivência e a qualidade de vida destas crianças está a melhorar cada vez mais".
Vanessa Alzamora Serrano, de 34 anos, deu à luz a sua filha Paola às 29 semanas. "Vê-la na UCI foi muito chocante para nós, com os fios, a incubadora, os tubos... Tive pensamentos catastróficos, passei mal, pensei que a Paola ia morrer a qualquer momento", recorda a mulher que assume porém que por ser psicóloga - e o marido médico -, a situação foi apaziguada dado os conhecimentos que tinham.
Porém, muitos outros são os que sofrem sem saber o que pode acontecer.
Assim, com a chegada de um bebé prematuro, os pais têm de aprender a adaptar-se à situação e à nova realidade do seu filho, escreve o El Pais, sendo este "um processo, muitas vezes longo, em que os pais devem ser ajudados a aceitar o seu filho", diz Lubián.
O processo passa por duas fases importantes: a primeira a de enfrentar o risco do bebé não sobreviver; e a segunda: o risco de o bebe sofrer sequelas por ter nascido antes de tempo.
A necessidade de apoiar estas famílias ao longo de todo o processo é o que o Dia Mundial dos Bebés Prematuros 2023, que se celebra todos os anos a 17 de novembro, pretende realçar.
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