O ministro da Presidência do Governo Espanhol, Félix Bolaños, adiantou, esta terça-feira, que o Ministério do Interior deverá aprovar um pedido para fornecer segurança pessoal ao ex-presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, que se encontra na Bélgica para fugir à justiça espanhola.
Em causa estão as recentes manifestações, em Espanha, devido à amnistia de independentistas, que está a ser negociada pelo partido socialista (PSOE) e formações catalãs.
A decisão do governo espanhol surgiu após, na semana passada, o gabinete de Puigdemont ter afirmado, numa carta citada pela agência de notícias Reuters, que tinha havido um "aumento do nível de perigo e risco".
Em declarações à rádio catalã Rac1, Bolanõs defendeu que "ninguém pode pôr em causa a segurança das pessoas, por mais diferenças ideológicas que existam". "Por isso, acredito que o Ministério do Interior irá processar este pedido e tenho a certeza que irá decidir o que for adequado", acrescentou.
Na segunda-feira, o PSOE entregou no parlamento uma proposta para uma lei de amnistia das pessoas envolvidas na tentativa de autodeterminação da Catalunha que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017.
A proposta resulta de acordos assinados entre o PSOE e dois partidos catalães que em troca da amnistia vão viabilizar um novo Governo de esquerda em Espanha, na sequência das eleições legislativas de 23 de julho.
O líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular, que está a liderar as manifestações contra a amnistia, criticou a decisão de fornecer segurança a Puigdemont, considerando que o eurodeputado "exerce um enorme poder" em Espanha.
"Passou de ter um mandado de captura para ser entregue à polícia espanhola para ser escoltado pela polícia espanhola", disse aos jornalistas, citado pela imprensa espanhola.
De sublinhar que a Direita espanhola tem criticado a amnistia por considerar que está em causa um ataque ao estado de Direito, ao princípio da separação de poderes e à independência da Justiça.
No entanto, o PSOE tem afirmado que esta amnistia visa devolver à política um conflito político e que "a desjudicialização" do processo que se viveu na Catalunha nos últimos dez anos é a melhor via para recuperar a convivência entre espanhóis e "fechar feridas".
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