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Egito denuncia "silêncio sobre violações ao Direito" cometidas por Israel

O Egito condenou hoje "o silêncio internacional sobre as violações do direito internacional humanitário cometidas por Israel" no território palestiniano, na sequência do conflito desencadeado a 7 de outubro com o ataque surpresa do Hamas a território israelita.

Egito denuncia "silêncio sobre violações ao Direito" cometidas por Israel
Notícias ao Minuto

13:17 - 09/11/23 por Lusa

Mundo Israel/Palestina

"O que o governo israelita está a fazer vai muito além do direito à autodefesa", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Choukri, que lamentou a vigência de um "desequilíbrio na consciência internacional".

Choucki discursava numa conferência humanitária sobre Gaza, organizada por Paris, em que, ao abrir os trabalhos, o Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou à tomada de iniciativas no sentido de um "cessar-fogo" entre Israel e o Hamas.

"No imediato, temos de trabalhar para proteger os civis. Para isso, precisamos de uma pausa humanitária muito rápida e precisamos de trabalhar para um cessar-fogo. Isto tem de se tornar possível", declarou o chefe de Estado francês.

Macron insistiu ser "absolutamente essencial" proteger os civis na Faixa de Gaza e que não pode haver "dois pesos e duas medidas" na proteção de vidas humanas.

"Isto não é negociável", sublinhou.

O Presidente de França reiterou que Israel tem "o direito de se defender e o dever de proteger o seu próprio povo", mas também afirmou que o governo israelita tem "uma responsabilidade eminente [...] de respeitar a lei e proteger os civis".

"A luta contra o terrorismo nunca pode ser levada a cabo sem regras", continuou, lembrando que a situação humanitária em Gaza está a deteriorar-se "a cada dia que passa".

O objetivo da conferência que se realiza hoje em Paris é "identificar as necessidades em termos de fundos e de ajuda para as pessoas".

Anunciada à pressa na semana passada, a conferência contou sobretudo com a participação de representantes do "segundo escalão", tal como a definiu a agência noticiosa France-Presse (AFP). 

A Autoridade Palestiniana enviou o seu primeiro-ministro e o Egito, que controla o único ponto de passagem para Gaza, em Rafah, que não é detido por Israel, enviou, sublinhou a AFP, "uma simples" delegação ministerial, liderada por Choukri.

O Governo israelita foi informado da iniciativa, mas não esteve representado no Palácio do Eliseu. 

"Sabemos que a situação dos civis na Faixa de Gaza não é fácil", afirmou hoje o coronel Moshe Tetro, responsável em Gaza pelo organismo do Ministério da Defesa israelita que supervisiona as atividades civis nos Territórios Palestinianos, negando, no entanto, a existência de uma crise humanitária.

As organizações humanitárias, representadas em força em Paris, por seu lado, denunciaram em uníssono a impossibilidade de entregar ajuda enquanto os bombardeamentos em Gaza continuarem.

Na conferência, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, apelou também a que a ajuda seja coordenada e organizada de uma forma prática para que possa chegar ao destinatário.

"Precisamos de um cessar-fogo humanitário. Precisamos de silenciar as armas para fins humanitários", afirmou Martin Griffiths, responsável da ONU para os Assuntos Humanitários.

"Não podemos esperar nem mais um minuto por um cessar-fogo humanitário em Gaza e pelo levantamento de um cerco que é um castigo coletivo para um milhão de crianças", afirmou, por seu lado, Jan Egeland, secretário-geral do Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC).

"A lei está a ser violada diante dos nossos olhos por ambos os lados", frisou.

Os pedidos de "pausas", "tréguas" ou "cessar-fogo" multiplicaram-se nas últimas semanas para facilitar o acesso à ajuda e a libertação dos mais de 240 reféns capturados pelo Hamas em solo israelita.

Mas, na quarta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, voltou a excluir qualquer cessar-fogo sem a libertação dos reféns, afirmando querer "excluir todo o tipo de rumores vãos". 

Uma fonte próxima do Hamas em Gaza disse à AFP que o Qatar estava a mediar a libertação de 12 reféns, incluindo seis norte-americanos, em troca de "uma trégua humanitária de três dias".

"Quantos palestinianos têm de ser mortos para que a guerra acabe? Será suficiente matar seis crianças e quatro mulheres por hora?", protestou o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, apelando ao "fim da duplicidade de critérios".

"As Nações Unidas nunca registaram tantas mortes num conflito num espaço de tempo tão curto", afirmou Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), na quinta-feira, referindo-se à quase centena de mortos nas suas fileiras.

Segundo o Eliseu, não haverá uma declaração comum no final da conferência para "não cair" num debate interminável "sobre uma ou outra palavra".

O território palestiniano está sob bloqueio israelita desde que o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel a partir de Gaza, a 07 de outubro, matando mais de 1.400 pessoas, na maioria civis.

Os ataques de retaliação de Israel, que prometeu aniquilar o Hamas, já mataram mais de dez mil pessoas, sobretudo civis, segundo o movimento palestiniano que governa o enclave.

Leia Também: Palestinianos denunciam nove mortos na Cisjordânia em operação israelita

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