É já considerada a semana mais dramática deste verão em Espanha. À semelhança do que tem acontecido em Portugal, o país vizinho tem sido assolado por perigosos incêndios, que se registam maioritariamente nas localidades de Ourense, León, Zanira, Cáceres Andaluzia e Madrid.
Mais de 9 mil pessoas foram retiradas das suas habitações e numa altura em que o fogo já destruiu 50 mil hectares de terreno fala-se em soluções - inesperadas e sustentáveis - para fazer frente à tragédia.
"Antigamente os burros andavam à solta nas povoações para limparem os caminhos", afirma a presidente da associação Burro, Laura Gutiérrez, lembrando, ainda, que estes animais sempre cumpriram o seu trabalho, de "limpar não só os prados, como também as ruas e dar cabo das ervas daninhas".
Assim, numa altura em que o país enfrenta fogos mortais, que já fizeram três vítimas, há quem questione onde andam estes animais e porque se deixou de recorrer aos mesmos para o combate a este tipo de tragédias.
Contudo, apesar do seu talento natural, o responsável pelo destacamento de burros bombeiros de Doñana, Luis Manuel Bejarano, lembra que este é um processo mais complexo. Segundo este, não basta apenas colocar animais como "burros, ovelhas ou cabras no terreno". Tem de haver "um plano".
Como trabalham os 'burros bombeiros'?
Segundo este mesmo responsável, a Unidade de Bombeiros de Doñana atua sob uma organização meticulosa. "Temos cercas móveis em diferentes unidades, que colocamos nas florestas se tiverem cerca de 30, 40 metros de comprimento por cerca de 15 de largura", refere, explicando que os burros entram dentro destas cercas e vão limpando esta área, fazendo aceiros. "Depois, quando terminam esse aceiro, passam para outro, e assim criam barreiras", acrescenta.
Os burros têm um papel mais importante que outros animais porque conseguem mover-se mais facilmente em terrenos que poderiam ser mais desafiantes, por exemplo, para as cabras. Além disso, aguentam muita mais tempo sem beber água, tornando-os mais resilientes na sua missão.
"Costumam ser mais calmos do que as cabras, que tendem a fugir, e mais resistentes do que os animais de grande porte em relação a doenças ou stress causado pelo calor", afirma Laura Pérez, que explica ainda que os burros, ao contrário de outros animais, comem todo o tipo de ervas, como "ramos, urtigas ou silvas".
A técnica tem dados comprovados de que resulta, até porque estes 'bombeiros' podem orgulhar-se de nunca ter havido um incêndio nas suas áreas de trabalho, noticia o 20 minutos.
Burros completam a maquinaria
O trabalho destes bombeiros de quatro patas não é concebível sem o trabalho humano, note-se. Para os bombeiros, o uso de máquinas nestes processo "é muito mais eficaz". Porém, "nas florestas, um trator não pode entrar" e é aí que estes animais podem fazer a diferença.
"Os burros não substituem o trator ou as máquinas, os burros complementam essas máquinas e os seres humanos onde eles não podem entrar", conclui o bombeiro.
Incêndios em Espanha
Espanha vive sua pior semana de incêndios florestais , que consumiram cerca de 50 mil hectares em quatro províncias - Ourense, León, Zamora e Cáceres - e estão a espalhar-se descontroladamente, com cerca de 9 mil pessoas retiradas das suas casas.
À semelhança do que acontece em Portugal, a situação está a ser dificultada por ventos fortes e por trovoadas secas em diversas regiões do território espanhol. Os fogos mostram-se mais preocupantes nas zonas da Galícia, Astúrias, Castela, Zamora e Leão, onde as chamas aparentam estar descontroladas.
Espanha já recorreu ao mecanismo de ajuda da UE, para combater os vários incêndios que lavram no país, solicitando "duas aeronaves Canadair", anunciou o ministro do Interior espanhol.
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