O casamento entre pessoas do mesmo sexo é ilegal na Nigéria, ao abrigo de uma lei de 2014, e punível com 14 anos de prisão.
"Detivemos 76 suspeitos de serem homossexuais numa festa de aniversário organizada por um deles, que ia casar com o seu noivo durante o evento", disse Buhari Saad, o porta-voz do Corpo de Segurança e Defesa Civil da Nigéria (NSCDC, na sigla em inglês) no Estado de Gombe, uma organização paramilitar dependente do Governo.
Entre os jovens detidos encontram-se 59 homens e 17 mulheres.
A intimidação da comunidade LGBT+ é frequente na Nigéria e, nos últimos anos, as forças de segurança têm efetuado numerosas rusgas a festas por acreditarem que nelas são organizados casamentos.
No entanto, nenhuma das pessoas detidas nessas ocasiões foi condenada.
Em agosto, a polícia prendeu mais de uma centena de homens em circunstâncias semelhantes no sudeste da Nigéria.
A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) apelou ao fim do que classifica como "caça às bruxas".
"Numa sociedade em que a corrupção é endémica, a lei que proíbe as relações entre pessoas do mesmo sexo está a ser cada vez mais utilizada para assédio, extorsão e chantagem por parte dos agentes da autoridade e de outros membros do público", denunciou a AI.
Em dezembro, 19 homens e mulheres na casa dos vinte anos foram detidos em Kano, a maior cidade do norte da Nigéria, pela polícia islâmica, conhecida como Hisbah, sob a acusação de organizarem um casamento gay.
Os suspeitos foram repreendidos e libertados sem serem levados a tribunal.
O Estado de Gombe, onde as detenções tiveram lugar no sábado, é também um dos Estados do Norte, de maioria muçulmana, onde a lei islâmica (Sharia) é aplicada a par dos sistemas judiciais federal e estatal.
Segundo a Sharia, as relações homossexuais são puníveis com a morte.
No entanto, esta pena nunca foi aplicada no norte da Nigéria.
O porta-voz do NSCDC recusou-se a dizer se os suspeitos detidos no sábado seriam acusados ao abrigo da Sharia ou do Direito comum.
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