Mais de 100 migrantes foram expulsos coletivamente pela Tunísia

Mais de 100 migrantes intercetados no mar pela guarda nacional tunisina, incluindo crianças e candidatos a asilo, foram "expulsos para a Argélia" em meados de setembro, denunciou hoje a organização internacional Human Rights Watch (HRW).

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© Valeria Ferraro/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
10/10/2023 13:02 ‧ 10/10/2023 por Lusa

Mundo

Migrações

Segundo testemunhos recolhidos pela organização não-governamental (ONG), pelo menos uma centena de pessoas foram "expulsas coletivamente para a fronteira com a Argélia entre os dias 18 e 20 de setembro", onde ficaram "sem comida nem água".

"Estas operações podem sinalizar uma mudança perigosa na política tunisina, uma vez que as autoridades costumavam libertar migrantes intercetados", afirmou a HRW, num comunicado hoje divulgado.

Segundo a ONG, alguns migrantes alegaram que "agentes da guarda nacional [tunisina] os espancaram e roubaram os seus pertences, incluindo telefones, dinheiro e passaportes".

"Apenas dois meses após as últimas expulsões em massa e desumanas de migrantes negros africanos e requerentes de asilo para o deserto, as forças de segurança tunisinas expuseram mais uma vez as pessoas ao perigo, abandonando-as em áreas fronteiriças remotas", afirmou a diretora da HRW para a Tunísia, Salsabil Chellali, citada no comunicado.

A HRW adianta, no entanto, que não foi possível verificar se estas operações se realizaram já em outubro.

Segundo a organização, "mais de 1.300 migrantes e requerentes de asilo" foram alvo destas "expulsões coletivas", que já levaram o secretário-geral da ONU, António Guterres, a protestar oficialmente com a Tunísia.

Outras organizações humanitárias adiantaram haver registos de "mais de 2.000 expulsões" e pelo menos 27 mortes no deserto Tunísia-Líbia e 73 desaparecidos entre julho e início de agosto.

"Ao transferir migrantes para a fronteira e empurrá-los para a Argélia, as autoridades tunisinas praticaram expulsões coletivas, que são proibidas pela Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos", sublinhou a HRW.

A União Europeia (UE) celebrou, em julho, um acordo com a Tunísia que prevê uma ajuda europeia de 105 milhões de euros ao país do norte de África para o combate à migração irregular.

Perante as situações relatadas e denunciadas, a HRW pede a Bruxelas para "cessar todo o financiamento das autoridades responsáveis" por tais abusos.

Leia Também: Mais de 20 mil palestinianos refugiados em escolas na Faixa de Gaza

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