Líder da oposição ugandesa detido ao regressar de viagem ao estrangeiro

O líder da oposição ugandesa, o ex-cantor Robert Kyagulanyi, mais conhecido pelo nome artístico Bobi Wine, foi hoje detido após regressar de uma viagem ao estrangeiro, revelou o seu partido, citado pela agência EFE.

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© Anna Webber/Getty Images for National Geographic

Lusa
05/10/2023 16:20 ‧ 05/10/2023 por Lusa

Mundo

Uganda

"O nosso presidente, Bobi Wine, foi detido por agentes do regime assim que aterrou no aeroporto. Eles têm muito medo das pessoas porque sabem que não gostam delas", declarou o advogado David Lewis Rubongoya, secretário-geral da Plataforma de Unidade Nacional (NUP), numa rede social.

Por seu lado, o próprio Wine indicou mais tarde, através da mesma plataforma, que se encontrava "em prisão domiciliária".

"A nossa casa continua cercada pela polícia e pelo exército. Impediram (o acesso) à maior parte do nosso povo para nos cumprimentar. Há pouco, lançaram gás lacrimogéneo e munições reais para os dispersar (...) Um regime criminoso em pânico", relatou Wine.

Num vídeo publicado nas redes sociais, o líder da oposição ugandesa afirmou ter sido colocado, após aterrar no país, num "carro militar com muitos soldados e polícias, mais de 15 pessoas (...) o que foi muito humilhante e desconfortável".

Wine lamentou ainda que vários jornalistas tenham sido "espancados", detidos e o seu material confiscado enquanto cobriam os acontecimentos.

Segundo a imprensa local, o grupo tinha apelado aos seus apoiantes para se encontrarem hoje com o líder da oposição no Aeroporto Internacional de Entebbe e acompanhá-lo numa marcha até Kampala, a capital, a cerca de 40 quilómetros de distância.

O evento foi contudo considerado ilegal na quarta-feira pelo porta-voz da polícia metropolitana da cidade, Patrick Onyango, que apelou aos organizadores para "suspenderem a mobilização" e aconselhou o público a "não participar na ilegalidade".

"As agências de segurança vão garantir que ninguém participa na marcha ilegal e qualquer pessoa detida será levada a tribunal",a advertiu Onyango, argumentando que a manifestação iria causar perturbações no trânsito e aumentar a criminalidade.

Antes da detenção de Wine, o porta-voz adjunto do NUP, Waiswa Mufumbiro, afirmou que o NUP iria prosseguir com os seus planos. "Acolher o nosso Presidente é uma iniciativa popular e, enquanto líderes do partido, apoiamos plenamente os preparativos porque são totalmente legais", disse então Mufumbiro.

Em meados de setembro, a polícia ugandesa anunciou a proibição de comícios organizados pelo partido de Wine, de 41 anos, até nova ordem, invocando preocupações com a manutenção da ordem pública.

O Presidente do Uganda desde 1986 é Yoweri Museveni, de 79 anos, que foi reeleito em janeiro de 2021 após um período eleitoral marcado pelo desaparecimento de centenas de apoiantes da oposição, protestos dispersos com munições reais pelas forças de segurança e pelo menos 54 manifestantes mortos. O líder da oposição foi também detido durante a campanha eleitoral.

Em fevereiro de 2022, a delegação da União Europeia (UE) no Uganda manifestou a sua preocupação com as alegações de tortura e outras violações dos direitos humanos no país da África Oriental, dois dias depois de um conhecido escritor ter publicado fotografias dos ferimentos sofridos durante a sua detenção pela polícia.

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