A reunião marcou um raro contacto entre Moscovo e o Ocidente sobre uma questão de segurança depois de a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, "ter perturbado a diplomacia regular", assinalou o jornal.
Um diplomata com conhecimento das discussões disse que a reunião, em Istambul, se inseriu nos esforços para pressionar Baku a terminar o bloqueio de nove meses a Nagorno-Karabakh e permitir a entrada de ajuda humanitária da Arménia.
Participaram na reunião o conselheiro norte-americano para o Cáucaso, Louis Bono, o representante da UE para a região, Toivo Klaar, e o conselheiro russo para as relações Arménia-Azerbaijão, Igor Khovaev, segundo fontes diplomáticas.
Apenas dois dias depois do encontro em Istambul, o exército do Azerbaijão lançou uma operação em Nagorno-Karabakh que levou à capitulação, em 24 horas, das forças separatistas arménias.
Na sequência da ofensiva, que causou cerca de 600 mortos, a maioria dos mais de 100 mil habitantes arménios abandonou precipitadamente a autoproclamada República do Artsakh (Nagorno-Karabakh), que anunciou a dissolução para 01 de janeiro de 2024.
Após o final do império czarista russo em 1917, esta região montanhosa com larga maioria de população arménia, que a considera ancestral, foi integrada no Azerbaijão.
Em 1991, proclamou unilateralmente a independência após a queda da União Soviética, com o apoio da Arménia.
Os separatistas do Nagorno-Karabakh opuseram-se durante mais de três décadas a Baku, em particular no decurso de duas guerras entre 1988 e 1994, e no outono de 2020.
A comunidade internacional reconheceu sempre Nagorno-Karabakh como parte do Azerbaijão, país que tem um forte apoio da Turquia.
A Rússia mantém uma força de manutenção de paz em Nagorno-Karabakh.
Um porta-voz do Departamento de Estado recusou-se a comentar a reunião de Istambul ao Político.
Um funcionário da Administração norte-americana, sob a condição de não ser identificado, disse ao jornal que os contactos resultaram de um entendimento de que Moscovo ainda tem influência na região.
Um funcionário da UE admitiu ser "importante manter canais de comunicação com interlocutores relevantes para evitar mal-entendidos".
Em março, os chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, e da Rússia, Serguei Lavrov, estiveram frente a frente à margem da reunião do G20 na Índia, mas Moscovo disse que não houve negociações.
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