"No que diz respeito à interferência russa, vimos os relatórios públicos sobre isso. Não estamos em condições de os verificar. Estamos em estreito contacto com os nossos homólogos eslovacos a esse respeito", disse, em conferência de imprensa, o porta-voz do departamento de Estado Matthew Miller.
"A Eslováquia é evidentemente um aliado crucial da NATO, um parceiro e um amigo dos Estados Unidos. Vamos continuar a trabalhar com o governo eleito pelo povo eslovaco para fazer avançar os nossos objetivos comuns e interesses mútuos", disse Miller, referindo-se às posições de Fico sobre a guerra na Ucrânia.
A Eslováquia acusou na segunda-feira Moscovo de ingerência nas eleições legislativas de sábado e convocou um diplomata russo após declarações do chefe dos serviços secretos externos russos sobre "a ingerência" de Washington na política interna eslovaca.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros eslovaco protestou contra as declarações de Serguei Narychkin, que pôs "em causa a integridade das eleições livres e democráticas na Eslováquia", e classificou-as como "uma ingerência inadmissível da Federação da Rússia no processo eleitoral" do país.
A embaixada russa em Bratislava negou qualquer interferência.
"Ao contrário de alguns atuais aliados da Eslováquia, nós não interferimos nos assuntos internos de outros países e não nos envolvemos em mudanças de regime", declarou a embaixada, citada por agências noticiosas russas.
"Compreendo que os resultados das eleições estejam associados a diversas preocupações para muitas pessoas", afirmou a Presidente da República eslovaca, Zuzana Caputova, antiga líder do partido centrista Eslováquia Progressista (PS), o segundo mais votado nas legislativas de sábado, atrás do populista Direção-social Democracia (Smer-SSD) do antigo primeiro-ministro Robert Fico, contrário à ajuda militar à Ucrânia e considerado pró-russo, e novamente encarregado de formar Governo.
No entanto, acrescentou Caputova, "a missão do chefe de Estado é respeitar o resultado de eleições democráticas".
Durante a campanha, Robert Fico, de 59 anos, prometeu que a Eslováquia não enviaria nem "mais uma bala" para a Ucrânia e apelou para melhores relações com a Rússia.
Fico declarou recentemente que "a guerra na Ucrânia começou em 2014, quando fascistas ucranianos mataram vítimas civis de nacionalidade russa", fazendo eco de afirmações russas não comprovadas.
No domingo, sustentou que o seu país, de 5,4 milhões de habitantes, tem "problemas mais importantes" que a ajuda à Ucrânia, apesar de a Eslováquia, membro da União Europeia e da NATO ter sido até agora um dos grandes doadores europeus à Ucrânia, em proporção com o seu Produto Interno Bruto (PIB).
Leia Também: Eis os pontos essenciais sobre as opções pós-eleitorais na Eslováquia