Biden e a sua vice-presidente, Kamala Harris, reuniram-se hoje com a família de Martin Luther King para assinalar o 60.º aniversário da histórica Marcha em Washington de 1963, onde o ativista fez o seu famoso discurso "I Have a Dream" (Eu tenho um sonho, na tradução para português).
A Casa Branca convidou um amplo grupo de líderes dos direitos civis para a reunião, incluindo Martin Luther King III e Bernice King, filhos do ativista, juntamente com representantes de organizações que representam judeus, hispânicos e ásio-americanos, de acordo com o ativista de direitos civis Al Sharpton.
A reunião de hoje realizou-se seis décadas após o então Presidente John F. Kennedy e Martin Luther King se terem reunido na Casa Branca na manhã da marcha, em 28 de agosto de 1963.
A Casa Branca disse inicialmente que a reunião de Biden seria fechada à cobertura da imprensa, mas mudou de rumo ao início da tarde, informando que os jornalistas seriam autorizados a cobrir a abertura do encontro.
Coincidentemente, a reunião ocorreu dois dias após um ataque racista numa loja de Jacksonville, no estado da Florida, onde três cidadãos negros foram mortos a tiros por um homem branco usando uma máscara e disparando uma arma estampada com uma suástica.
O atirador, que também havia publicado textos racistas, suicidou-se.
Num artigo de opinião escrito para o Washington Post, Biden disse que a sua administração está a trabalhar para promover o sonho de King de uma sociedade em que as pessoas não julguem os outros pela cor da pele.
Biden disse que as suas políticas levaram a uma queda no desemprego dos negros, à abertura de mais pequenas empresas por empresários negros e a mais famílias negras cobertas por seguros de saúde.
O chefe de Estado doou cerca de sete mil milhões de dólares (6,47 mil milhões de euros) à rede de faculdades e universidades historicamente negras e enfatizou a nomeação de pessoas negras para o seu gabinete e para o pessoal da Casa Branca, em todo o poder judicial federal e para agências independentes, como a Reserva Federal.
"Durante gerações, os negros americanos nem sempre foram totalmente incluídos na nossa democracia ou na nossa economia, mas por pura coragem e coração, nunca desistiram de perseguir o sonho americano", escreveu Biden.
O Presidente também fez referência ao ataque racista de sábado em Jacksonville.
"Devemos recusar viver num país onde as famílias negras que vão às lojas ou os estudantes negros que vão à escola vivam com medo de serem mortos a tiro por causa da cor da sua pele", acrescentou Biden.
O líder Democrata apelou ao país para "rejeitar a visão restrita de que a América é um jogo de soma zero que afirma que para um ter sucesso, outro deve falhar", acrescentando: "Lembremo-nos de que a América é grande o suficiente para que todos se saiam bem e alcancem o seu potencial dado por Deus".
Esta ocasião dará ao Presidente, que concorre à reeleição, uma oportunidade de apelar ao apoio dos eleitores negros, falando sobre o que a sua administração fez para ajudar a melhorar as suas vidas.
A Marcha sobre Washington de 1963 ainda é considerada uma das maiores e mais importantes manifestações de justiça racial na história norte-americana.
O protesto não violento atraiu cerca de 250.000 pessoas ao Lincoln Memorial e deu impulso ao Congresso para aprovar uma legislação histórica sobre direitos civis e direitos de voto nos anos seguintes. King foi assassinado em abril de 1968 em Memphis, no Tennessee.
No sábado, mesmo dia do tiroteio na Florida, milhares de pessoas dirigiram-se ao National Mall para a comemoração do 60º aniversário da Marcha. Vários oradores notaram que o país ainda permanece dividido pela desigualdade racial e não realizou o sonho de King de uma sociedade onde as pessoas "não serão julgados pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter".
Veja as fotos do encontro na galeria acima.
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