"A ministra dos Negócios Estrangeiros, Alicia Bárcena, está a tratar disso, irá a Chiapas esta semana, porque o que se pretende é que haja opções de trabalho, de formação, para migrantes. E, ao mesmo tempo, que possam tratar da documentação para ir para os Estados Unidos, se o desejarem", declarou Andrés Manuel López Obrador.
O chefe de Estado do México referia-se, na sua conferência de imprensa matinal, ao anúncio feito na passada sexta-feira pela Casa Branca, segundo o qual os Estados Unidos aceitarão pedidos de asilo de cidadãos de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela que já se encontram em território mexicano, à espera para entrar em solo norte-americano.
O anúncio resulta de um acordo obtido dias após uma reunião na Cidade do México entre uma delegação norte-americana e o Presidente López Obrador, segundo o comunicado do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
"No caso dos Estados Unidos, [o seu compromisso] é que aqueles que estão no México e não puderam, nos seus lugares de origem, tratar do processo de pedido de asilo possam fazê-lo no México para ir para os Estados Unidos. Sim, vai-se abrir essa possibilidade para os que já estão em território mexicano", indicou agora López Obrador.
O responsável apontou também o compromisso do México de criar um espaço no sul do país para oferecer novas opções de asilo e de emprego aos migrantes.
Segundo ele, nesse espaço "poderá haver consulados móveis [dos Estados Unidos] para aqueles que não trataram de requerer asilo e que estão aqui na República mexicana, no sudeste".
Ainda assim, escusou-se a revelar mais pormenores sobre a localização exata e a data de abertura do espaço, prometendo mais informação dentro de "dois ou três meses".
"Está-se a ver qual é a melhor opção, e não é só o processo de pedido de asilo, mas também o que se pretende que haja -- e isso, vamos oferecer: alojamento, alimentação, cuidados médicos e também oportunidades de trabalho, porque agora, o nosso país tem possibilidade de oferecer emprego", sublinhou.
O acordo faz parte das mudanças na política migratória dos Estados Unidos este ano, como oferecer asilo a cidadãos de Cuba, Nicarágua, Haiti e Venezuela, e o fim do chamado Título 42, uma medida que expulsava de imediato migrantes com o argumento da pandemia de covid-19.
"Os Estados Unidos já criaram um mecanismo para [os migrantes] tratarem dos processos de pedido de asilo e conseguirem entrar no país de forma legal, o que não existia anteriormente -- isso, há que reconhecer, é uma proposta do Presidente [norte-americano Joe] Biden", comentou López Obrador.
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