Mondlane diz que Moçambique está refém de nova forma de colonização interna

O líder da oposição moçambicana, Venâncio Mondlane, considera que Moçambique está refém de uma nova forma de colonização interna, assinalando que a celebração dos 50 anos de independência deve ser um momento para "reflexão profunda".

Audição do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane

© Lusa

Lusa
25/06/2025 16:15 ‧ há 6 horas por Lusa

Mundo

Moçambique

"O país continua refém de uma nova forma de colonização, o neocolonialismo. A liberdade conquistada com sangue e sacrifício foi rapidamente usurpada por uma elite que perpetua um regime de terror financeiro, político e social contra os próprios irmãos da mesma raça", escreveu hoje Venâncio Mondlane na sua página do Facebook.

 

Mondlane acrescenta que os libertadores de ontem tornaram-se hoje "piores colonizadores" e "insensíveis ao sofrimento do povo, intolerantes à crítica, e cada vez mais autoritários".

"A intolerância política alastra-se como um 'câncer' [cancro]: vozes divergentes silenciadas, opositores perseguidos até mesmo abatidos, e a liberdade de expressão reprimida em nome da estabilidade do regime", acusou.

Mondlane denuncia o encerramento de "dezenas de indústrias estratégicas" e mais outras "dúzias de fábricas que poderiam hoje estar a gerar milhares de empregos", posicionando o país como uma referência. Mas por outro lado, continua, "abriram-se fábricas de bebidas alcoólicas espirituosas", o que denota "falta de políticas económicas eficazes substituídas por um projeto de alienação partidária e empobrecimento social".

"Moçambique, volvidos cinco décadas, regrediu a um ponto alarmante: hospitais públicos usam papelão em substituição do gesso porque há escassez em unidades sanitárias; escolas são improvisadas sob árvores; professores, médicos e servidores públicos imploram pelo próprio salário e subsídio", denunciou.

Para o ex-candidato presidencial não existe independência quando as decisões soberanas "dependem da autorização ou financiamento do Ocidente" e o poder político interfere descaradamente no judicial e legislativo, "anulando qualquer esperança de equilíbrio democrático e justiça verdadeira".

"Hoje, mais do que nunca, é necessário repensar o significado de independência. Não basta a ausência do colono estrangeiro, é preciso erradicar o colonizador interno, restaurar a dignidade, a Justiça e o verdadeiro poder do povo", anotou.

Mondlane divulgou o texto na mesma altura em que o presidente moçambicano, Daniel Chapo, fazia o seu discurso relativo à independência nacional, no agora Estádio da Independência Nacional (antigo Estádio da Machava).

Moçambique celebra hoje os 50 anos de independência, com a cerimónia principal a decorrer em Maputo, com a presença de vários chefes de Estado, incluindo o de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, da Tanzânia, Samia Suhulu (convidada de honra), da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa.

As cerimónias centrais decorrem no histórico Estádio da Independência Nacional, onde o primeiro Presidente do país, Samora Machel, proclamou a independência às primeiras horas de 25 de junho de 1975, após uma luta contra o regime colonial português que começou em 25 de setembro de 1964.

Leia Também: Taxa de analfabetismo em Moçambique caiu de 93% para 38% desde 1975

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas