França. ONU pede resolução para problema de racismo enraizado na polícia

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) apelou hoje à França para que "resolva rápida e seriamente" os problemas de racismo e de discriminação racial no seio das forças policiais.

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Lusa
30/06/2023 11:22 ‧ 30/06/2023 por Lusa

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França

O apelo surge três dias após a morte de um adolescente francês de 17 anos abatido a tiro por um agente da polícia em Nanterre, nos arredores de Paris, e que está na origem de três noites consecutivas de tumultos em França.

"Chegou o momento de o país abordar seriamente os problemas profundamente enraizados do racismo e da discriminação racial entre os agentes da autoridade", disse Ravina Shamdasani, porta-voz do ACNUDH, numa conferência de imprensa em Genebra.

Pelo menos 667 pessoas foram detidas em França, na última noite, a terceira de protestos realizados na sequência da morte de um jovem de 17 anos pela polícia, de acordo com dados do Ministério do Interior francês.

Naël foi morto na terça-feira ao volante de um carro durante um controlo na estrada por dois motociclistas da polícia perto de Paris.

Depois de três noites de tumultos em França, que causaram danos materiais significativos, "apelamos às autoridades para que garantam que o uso da força pela polícia para enfrentar elementos violentos durante as manifestações respeita sempre os princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, não discriminação, precaução e responsabilidade", sublinhou a porta-voz.

Shamdasani manifestou também a sua preocupação com a violência que eclodiu após a morte do jovem.

"Sabemos que houve muitos saques e violência, por parte de certos elementos que utilizam as manifestações para esses fins, e que um grande número de polícias também ficou ferido", disse.

A porta-voz do ACNUDH sublinhou que é precisamente por isso que apela "a todas as autoridades" para que, "mesmo que haja elementos claramente violentos nas manifestações", é "fundamental que a polícia respeite sempre os princípios da legalidade, da necessidade, da proporcionalidade, da não discriminação, da precaução e da responsabilidade".

Numa mensagem publicada no Twitter, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, garantiu que foram dadas instruções às forças de segurança para manterem "firmeza".

Foi igualmente divulgado hoje, pelo governo francês, que 249 policias ficaram feridos durante a noite de quinta para hoje.

O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou já e para hoje uma nova reunião de crise e encurtou a presença em Bruxelas, onde se encontra a participar numa cimeira europeia, para regressar a Paris.

Foram destacados 40.000 polícias para tentar travar os distúrbios que se arrastam há alguns dias nos bairros sociais em Nanterre e noutros bairros desfavorecidos da capital francesa.

A morte do jovem Naël, num controlo de trânsito na terça-feira, captado pelas câmaras de vigilância, fez regressar a tensão entre jovens e a polícia.

Os confrontos contra as forças de segurança surgiram logo na noite de terça-feira em Nanterre e, na madrugada de quinta-feira, foram danificados edifícios públicos e queimados carros, tendo sido detidas cerca de 150 pessoas.

O agente da polícia suspeito da morte do jovem, acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.

Naël foi morto com um tiro no peito durante um controlo de trânsito depois de se recusar a obedecer. A idade mínima para conduzir legalmente é 18 anos.

Leia Também: Morte de Naël. Polícia deteve 64 pessoas por confrontos em Bruxelas

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