O Quadro Estratégico Permanente (CSP, sigla em francês), que reúne estes grupos, advertiu também que a retirada da missão das Nações Unidas no Mali (Minusma), pedida sexta-feira pela junta no poder, seria um "golpe fatal" para o acordo de paz assinado em 2015.
O CSP é composto por grupos predominantemente tuaregues que se juntaram à rebelião em 2012 a favor da independência ou autonomia do norte, bem como por grupos leais que lutaram ao lado do governo na altura.
Em 2015, estes grupos, que exercem um grande controlo no norte, assinaram um acordo de paz considerado crucial para a estabilidade do país, que continua a enfrentar a propagação do terrorismo.
O CSP opõe-se ao projeto de nova Constituição, submetido a referendo no domingo e no qual diz não encontrar o acordo de 2015. Os grupos impediram a realização do referendo em muitos locais do norte do país.
Num comunicado divulgado nas redes sociais, o CSP disse que em "quase todas as regiões" do norte "não houve votação", com exceção das principais cidades das regiões de Gao, Timbuktu e Menaka "onde as urnas foram enchidas sem restrições".
O CSP também se disse "consternado" com o pedido das autoridades para retirar a Minusma e alerta para as consequências para as populações "já fragilizadas pelo terrorismo e pelo subdesenvolvimento".
A Minusma mobiliza cerca de 13.000 militares e 1.900 polícias. A sua presença é contestada por alguns malianos, que a acusam de inação ou de ineficácia contra os extremistas islâmicos.
Além de garantir uma relativa segurança nos locais onde está instalada, a Minusma financia, dirige ou apoia numerosos projetos e emprega milhares de malianos.
Nos últimos meses, as relações com a junta deterioraram-se gravemente, tendo esta apelado à sua retirada "sem demora".
O CSP sublinha o papel de "elemento-chave" desempenhado pela Minusma na implementação do acordo de paz de 2015.
O documento afirma estar "convencido de que a retirada da Minusma será um golpe fatal" para o acordo.
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