Manuel Ranoque, o pai das quatro crianças indígenas resgatadas após 40 dias na selva amazónica, na Colômbia, disse, no domingo, que atribuiu a sobrevivência dos filhos às suas raízes e à sua conexão com a natureza.
"Isto é obra de Deus. Eles viviam do seu próprio esforço e alimentação espiritual (...). Este foi sempre o meu sonho", referiu Manuel Ranoque, em entrevista à CNN, acrescentando que a descoberta dos filhos tinha sido um milagre e que, apesar da pouca esperança com o passar do tempo, sempre acreditou que os voltar a ver.
Manuel Ranoque revelou ainda alguns detalhes do dia em que encontraram os filhos e foi realizado o resgate. "Quando encontrámos as crianças, começámos a ver trovões e relâmpagos. Saímos na hora certa. Dez minutos depois e o helicóptero não podia levar-nos", referiu.
"Ultrapassámos a tecnologia porque não sei quantos aviões vieram (para ajudar no salvamento), mas nós decidimos ir para o terreno e fizemo-lo e conseguimos", continuou Ranoque, explicando que, juntamente com ele, outras 15 pessoas continuavam a procurar na selva quando as outras equipas de salvamento já tinham saído.
Ranoque sublinhou ainda que os conhecimentos indígenas apoiaram a busca, que foi fundamental para encontrar as crianças. No entanto, devido à desnutrição e à desidratação, as crianças tiveram de ser enviadas para Bogotá para receberem os cuidados necessários, onde ainda vivem.
O dia 9 de junho de 2023 ficará marcado na história da Colômbia como um dos dias em que a paciência, o trabalho em equipa e a perseverança de muitos colombianos valeram a pena, quando encontraram com vida e resgataram quatro crianças desaparecidas desde 1 de maio na selva amazónica.
Os nomes de Lesly, Soleiny, Tien e Cristin (1 ano) são símbolos de alegria e esperança na Colômbia e no mundo por terem sobrevivido por 40 dias no meio da selva.
O presidente colombiano declarou-as como "um exemplo de sobrevivência que ficará para a história".
Leia Também: "Felicidade muito grande". O relato de quem chegou aos irmãos na Colômbia