"Os grupos islâmicos no Burkina Faso mataram muitos civis, pilharam e incendiaram propriedades e forçaram milhares de pessoas a fugir do seu país devido aos ataques que se intensificaram desde o final do ano passado, cercando cidades inteiras e impedindo os residentes de receberem alimentos, serviços básicos e ajuda humanitária", diz a HRW.
Num comunicado divulgado hoje, esta ONG dedicada à ajuda humanitária diz que há um aumento das atrocidades cometidas por estes grupos que controlam mais de metade do país e defende que o Governo de transição tem de fazer mais para ajudar a população.
"Os grupos islâmicos armados estão a semear o caos no Burkina Faso, atacando aldeias e cidades e cometendo atrocidades contra os civis", disse a diretora adjunta para África na HRW, Carine Kaneza Nantulya, acrescentando: "As autoridades de transição devem trabalhar com as entidades regionais e os governos cooperantes para garantir melhor proteção e mais assistência às populações em risco".
A HRW lembra que "o aumento das baixas entre a população e os militares, para além da perda de controlo de uma vasta área de território, fomentou a existência de dois golpes militares no país desde 2022".
Desde 2015, o Burkina Faso tem sido palco de uma espiral de violência terrorista que começou no Mali e no Níger alguns anos antes e se espalhou para além das suas fronteiras.
Nos últimos sete anos, a violência custou a vida a mais de 10.000 civis e soldados, segundo as ONG, e gerou mais de dois milhões de deslocados.
De acordo com o Governo, o exército controla 65% do território nacional.
Desde setembro último, o Burkina Faso é governado por uma junta militar dirigida pelo capitão Ibrahim Traoré, que chegou ao poder na sequência de um golpe de Estado, o segundo em oito meses no país.
Desde então, Ouagadougou exigiu a saída de 400 militares das forças especiais francesas que se encontravam no país para combater os terroristas e denunciou um acordo de ajuda militar assinado com a França em 1961.
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