Crimeia. Rússia quer que Tribunal Internacional de Justiça rejeite caso

A Rússia instou hoje os juízes do mais alto tribunal da ONU a rejeitar um caso movido pela Ucrânia contra Moscovo sobre a anexação da Crimeia e o armamento de rebeldes no leste da Ucrânia antes da invasão russa.

O jornal de investigação russo Novaya Gazeta, um dos símbolos da imprensa independente na Rússia, disse hoje que foi derramado um produto químico desconhecido na entrada da sua redação, em Moscovo, já anteriormente alvo de ataques.

© Getty Imagens

Lusa
08/06/2023 15:37 ‧ 08/06/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Comparecemos perante vocês hoje para demonstrar que o pedido da Ucrânia deve ser indeferido porque não tem fundamento legal. Também não há nenhuma evidência factual para apoiá-lo", disse o embaixador russo na Holanda, Alexander Shulgin, aos juízes do Tribunal Internacional de Justiça, citado pela AP.

Os advogados da Ucrânia disseram na abertura das audiências do caso na terça-feira que a Rússia financiou uma "campanha de intimidação e terror" de rebeldes no leste da Ucrânia a partir de 2014 e procurou substituir a comunidade multiétnica da Crimeia por "nacionalismo russo discriminatório".

A Ucrânia entrou com o processo em 2017, pedindo ao tribunal mundial que ordenasse a Moscovo que pagasse reparações por alegados ataques e crimes como a queda do voo MH17 da Malaysia Airlines por um míssil russo, disparado de território controlado por rebeldes apoiados por Moscovo em 17 de julho de 2014, provocando a morte dos 298 passageiros e tripulantes.

O governo ucraniano alega que a Rússia violou dois tratados: a Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo e a Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.

Abordando a alegação de financiamento do terrorismo, Michael Swainston, um advogado britânico que representa a Rússia, disse que a equipa jurídica da Ucrânia não conseguiu estabelecer que ações de rebeldes pró-Moscovo no leste da Ucrânia poderiam ser consideradas terrorismo.

"É imperativo distinguir entre terroristas que visam deliberadamente civis e soldados dos que preveem que civis serão mortos como dano colateral ao atingir um alvo militar", disse Swainston. "O primeiro é um crime de guerra, enquanto o último representa uma conduta legal. E, claro, os soldados também cometem erros."

Contestou ainda que a queda do MH17 pudesse ser considerada um ato de terrorismo e tentou minar as conclusões de um tribunal holandês que no ano passado condenou dois russos e um ucraniano pró-Moscovo pelo seu papel na queda do avião de Amesterdão a Kuala Lumpur.

O Tribunal Distrital de Haia decidiu, após meses de audiências e anos de investigações internacionais, que o Boeing 777 foi abatido por um sistema de mísseis terra-ar Buk trazido para a Ucrânia de uma base militar russa e depois retornou à base.

"Nenhum Buk veio da Rússia. Nenhuma tripulação para um Buk veio da Rússia", disse Swainston, considerando que o tribunal holandês baseou os veredictos num "absurdo digital sem fonte".

Após as audiências que devem terminar na próxima semana, os juízes deverão demorar meses para chegar a uma decisão no caso. As decisões do tribunal são finais e juridicamente vinculativas.

Leia Também: Kremlin acusa Kyiv de "sabotar" barragem para "privar Crimeia" de água

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