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França. Sindicatos admitem incapacidade para travar nova lei das pensões

Os sindicatos franceses admitiram hoje que não conseguirão travar a entrada em vigor da nova lei das pensões em França, classificando novamente como "falta de democracia" a aprovação do diploma sem votação na Assembleia Nacional.

França. Sindicatos admitem incapacidade para travar nova lei das pensões
Notícias ao Minuto

21:05 - 06/06/23 por Lusa

Mundo França

Centenas de milhares de pessoas manifestaram-se hoje novamente em França, em cerca de 250 concentrações em todo o país, na 14.ª e provavelmente última jornada de protesto nacional convocada pela confederação dos seis maiores sindicatos franceses contra a revisão da lei das pensões, que aumentou a idade de reforma de 62 para 64 anos.

"Não se pode mentir aos trabalhadores, os 64 anos vêm aí -- o jogo está prestes a terminar", reconheceu o dirigente do maior sindicato de França, a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), Laurent Berger.

"A lei foi promulgada, o decreto de aplicação foi publicado [no jornal oficial]", admitiu Berger em declarações televisivas, nas quais se considerou não "fatalista, mas sim lúcido".

O dia de hoje foi escolhido para o protesto com o objetivo de pressionar o plenário da Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento francês) da próxima quinta-feira, que tem agendado o debate de uma proposta de lei que pretende anular a polémica revisão da lei das pensões.

Mas o bloco que apoia o Presidente da República francês, Emmanuel Macron, conseguiu esvaziar de conteúdo o texto durante a sua discussão na especialidade.

Uma tentativa da oposição para reativar a proposta enfrenta a ameaça da presidente da Assembleia, a "macronista" Yaël Braun-Pivet, que advertiu de que recorrerá a um artigo constitucional -- que proíbe a aprovação de medidas que aumentem a despesa sem definir como esse gasto será compensado -- para impedir a sua votação.

Isso está a irritar os partidos da oposição e os dirigentes sindicais.

"A Assembleia Nacional não se pronunciou nem uma só vez em plenário sobre uma coisa que afeta milhões de pessoas" e que começará a ser aplicada em setembro, criticou Berger.

"Fazemos um apelo à presidente da Assembleia Nacional para que respeite o papel do parlamento e deixe os deputados votar", afirmou, por sua vez, a secretária-geral do segundo maior sindicato francês, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), Sophie Binet.

Se Braun-Pivet não permitir a votação, tal "será extremamente grave, porque confirmará que estamos perante uma enorme anomalia democrática", sustentou a dirigente sindical.

Independentemente das reivindicações sindicais, vários dos participantes na manifestação de Paris reconheciam hoje a sua frustração ao ver que todos os esforços dos últimos meses não conseguiram fazer recuar o Governo, apesar de insistirem na necessidade de dar visibilidade ao descontentamento, uma vez que a reforma continua a ser rejeitada pela maioria dos cidadãos franceses.

Quanto a Macron, que hoje se encontrava na Normandia para assistir às tradicionais cerimónias para assinalar o famoso desembarque aliado durante a Segunda Guerra Mundial, em 1944, escusou-se a fazer "comentários políticos", afirmando tratar-se de "um dia de celebração".

Os protestos reuniram hoje cerca de 281.000 manifestantes em todo o país, segundo o Ministério do Interior, e 900.000, de acordo com a CGT - um número muito inferior aos 2,3 milhões de 01 de Maio.

A CGT estimou em 300.000 os participantes na concentração de Paris, ao passo que o comando da polícia contabilizou 31.000 manifestantes, numa jornada de protestos que mobilizou cerca de 11.000 polícias e guardas-republicanos em todo o país, 4.000 dos quais na capital francesa.

Embora se tenham registado momentos de tensão e alguns incidentes, estiveram muito longe dos distúrbios e incêndios que marcaram os protestos de 1 de Maio em Paris.

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