A australiana que foi libertada, esta segunda-feira, após cumprir uma pena de 20 anos pela morte dos quatro filhos, concedeu a sua primeira entrevista após sair da prisão.
Kathleen Folbigg, de 55 anos, foi condenada, em 2003, a 40 anos de prisão. Os quatro filhos de Folbigg, Caleb, Patrick, Sarah e Laura, morreram entre 1989 e 1999, quando tinham entre 19 dias e 18 meses e inicialmente, as autoridades médicas tinham decidido que as mortes, por sufocamento, se deviam a causas naturais. No entanto, a morte do quarto filho levou a polícia a começar a suspeitar de Folbigg, que acabou por ser condenada pelo assassínio de três filhos e o homicídio involuntário de um quarto, acusações que a mulher sempre rejeitou.
"Estou extremamente aliviada e agradecida por ter sido indultada e libertada da prisão", afirma Folbigg, num vídeo divulgado esta terça-feira, e em que refere que a sua "gratidão vai para a família e amigos", que sempre a apoiaram ao longo destes anos. e "sem quem não teria sobrevivido a este calvário".
"Em todos os dias [que estive na prisão], pensei e estive de luto pelos meus filhos", atira, em declarações à 7News.
O perdão de Kathleen surgiu depois de Tom Bathurst ter concluído que "existem dúvidas razoáveis quanto à culpa de Kathleen Folbigg por cada um desses crimes", disse Michael Daley.
Em 2020, uma equipa de cientistas, coordenada pela imunologista espanhola Carola García de Vinuesa e liderada pelo dinamarquês Michael Toft Overgaard, concluiu que as mortes dos filhos de Folbigg podem ter causas genéticas.
O estudo, publicado na revista especializada da Associação Europeia de Cardiologia, relacionou uma mutação genética encontrada em Sarah e Laura com uma probabilidade mais elevada de morte súbita cardíaca.
Além disso, a investigação, realizada por uma equipa internacional de 27 cientistas, constatou que as crianças carregavam variantes raras de um gene que, de acordo com outros estudos, pode causar a morte de ratos por ataques epiléticos.
Por este motivo, a mulher considera que a sua libertação é também "uma vitória para a ciência".
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