Kayishema compareceu para uma breve audiência no Tribunal de Magistrados da Cidade do Cabo, no sudoeste do país, onde a acusação pediu mais tempo para apresentar novas acusações contra ele.
O fugitivo, que foi detido na semana passada numa quinta em Paarl, a cerca de 60 quilómetros da Cidade do Cabo, é atualmente acusado de crimes de fraude e de violar as leis sul-africanas sobre imigração.
O alegado colaborador do genocídio ruandês quer pedir fiança, mas terá de esperar que o Ministério Público finalize as acusações.
A 26 de maio, o procurador sul-africano Nathan Adriaanse afirmou que as acusações contra Kayishema estão "centradas num massacre de mais de 2.000 pessoas, que ocorreu no Ruanda em 1994", embora ele também enfrente acusações ao abrigo da lei sul-africana.
O tribunal ordenou que o cidadão ruandês ficasse em prisão preventiva até, pelo menos, 09 de junho, data em que deverá comparecer novamente.
De acordo com o Gabinete do Procurador do Mecanismo Internacional Residual para os Tribunais Penais (IRMCT), em 26 de maio, Kayishema foi detido durante uma operação conjunta entre este organismo e as autoridades sul-africanas.
Segundo a Procuradoria do IRMCT, o detido, fugitivo desde 2001, "participou diretamente no planeamento e na execução" do "assassinato de cerca de 2.000 refugiados tutsis (mulheres, homens, crianças e idosos) na igreja católica de Nyange (oeste do Ruanda) durante o genocídio de 1994 contra os tutsis no Ruanda".
O genocídio teve início em 07 de abril de 1994, na sequência do assassinato, no dia anterior, dos presidentes do Ruanda, Juvénal Habyarimana (hutu), e do Burundi, Cyprien Ntaryamira (hutu), quando o avião em que viajavam foi abatido sobre Kigali.
O Governo ruandês atribuiu o assassínio aos rebeldes tutsis da Frente Patriótica Ruandesa (RPF), contra os quais estava em guerra desde 1990, e o massacre que se seguiu matou pelo menos 800.000 tutsis e hutus moderados em pouco mais de três meses.
Tratou-se um dos piores massacres étnicos da história recente da humanidade.
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