"Perante o Governo mais homofóbico da história [de Israel], devemos ser um reduto para impedir a privação dos nossos direitos e lutar por igualdade para todos", declarou Yoray Lahav-Hertzano, um deputado centrista assumidamente homossexual participante na marcha.
Agitando um mar de bandeiras arco-íris e israelitas, cerca de 30.000 pessoas marcaram presença no evento, ultrapassando o recorde estabelecido em 2016, segundo os organizadores.
A marcha, que se realiza desde 2002 em Jerusalém, decorreu hoje pela primeira vez desde a formação, no final de dezembro passado, do Governo de Benjamin Netanyahu, o mais à direita da história do país e que inclui vários membros abertamente homofóbicos, apesar de Israel ocupar no Médio Oriente a posição dianteira em matéria de direitos da comunidade LGBT+ (lésbicas, 'gays', bissexuais, transgénero e outros).
Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, foi um dos organizadores do "desfile das bestas" em Jerusalém, em 2006, no qual opositores religiosos à marcha do orgulho LGBT+ percorreram as ruas da cidade com burros, associando os homossexuais a animais.
"É da responsabilidade da polícia assegurar-se de que, apesar de um ministro ter um problema com a marcha, o mais importante continua a ser a segurança dos manifestantes", declarou Itamar Ben Gvir na quarta-feira em comunicado.
O ministro foi hoje ao local da concentração, enquanto vários membros da oposição participaram na marcha.
"É particularmente importante [participar] este ano, porque o ministro encarregado da nossa segurança, Ben Gvir, é quem durante anos se manifestou contra nós, chamando-nos animais", disse à agência de notícias francesa AFP Oshrit Assaf, de 28 anos, que desfilou com a namorada.
Em Jerusalém, cidade santa para os judeus, os cristãos e os muçulmanos, a comunidade LGBT+ queixa-se de ser mal aceite pela população.
De acordo com a polícia, cerca de 2.000 agentes integraram o dispositivo de segurança e, antes da marcha, foram detidas três pessoas, por "se terem expressado de forma ameaçadora sobre a marcha".
Numa pequena contramanifestação em curso do outro lado de um cordão policial, podia ler-se "Não à marcha da abominação".
Em julho de 2015, durante a marcha de Jerusalém, um judeu ultraortodoxo esfaqueou uma adolescente, Shira Banki, que sucumbiu aos ferimentos alguns dias depois. Mais seis pessoas foram feridas.
O agressor - libertado da prisão algumas semanas antes do ataque, após cumprir uma pena por ter ferido três pessoas na marcha do orgulho 'gay' de 2005 - foi condenado a prisão perpétua.
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