"Neste momento, estima-se que desse total cerca de 300 mil pessoas já retornaram às suas zonas, graças à melhoria da situação de segurança nos últimos meses", referiu o chefe de Estado.
Filipe Nyusi interveio no debate aberto de alto nível do Conselho de Segurança intitulado "Garantir a Segurança e a Dignidade dos Civis em Conflito: abordar a insegurança alimentar e proteger os serviços essenciais".
Moçambique ocupa o lugar de membro não-permanente no Conselho de Segurança, um mandato de dois anos iniciado em janeiro.
O Presidente moçambicano partilhou as experiências do país e os ataques armados de insurgentes que há cinco anos assolam a província de Cabo Delgado fizeram parte da intervenção.
Segundo as estimativas das Nações Unidas, que tem diversas agências no terreno naquela região nortenha de Moçambique, a violência já provocou um milhão de deslocados -- pelo que o número de regressados hoje apresentado por Filipe Nyusi se aproxima de um terço desse total.
"A maior preocupação do nosso Governo e das nossas forças de defesa e segurança tem sido a proteção da vida e dignidade dos civis, incluindo o enquadramento social de terroristas capturados ou que desertaram das suas fileiras", detalhou.
Nyusi apresentou a proteção de civis como um tema que é sujeito a "debate aberto" no país, entre o Governo, agências das Nações Unidas e outras organizações não-governamentais moçambicanas e estrangeiras.
No caso de Cabo Delgado, apontou ainda o envolvimento de grandes investidores - no caso, ligados ao setor do gás e petróleo - para desenvolver diversas ações, tais como para a reativação da atividade agrícola que permite garantir segurança alimentar.
Filipe Nyusi realçou ainda outras ameaças à população civil, nomeadamente devido às alterações climáticas, a que Moçambique é vulnerável, deixando um apelo à mobilização de "recursos científicos, tecnológicos, humanos e financeiros para combate a todo o tipo de ameaças", incluindo "o impacto devastador de desastres naturais decorrentes das mudanças climáticas".
O país está na rota anual de ciclones que regularmente têm provocado tempestades e inundações com destruição generalizada de infraestruturas e mortes.
O chefe de Estado reiterou um compromisso com a paz, deixando mais um apelo.
"Apelamos ao Conselho de Segurança para que prossiga com os esforços para a cessação de hostilidades e todos os conflitos que no mundo continuam a ceifar vidas humanas. Ninguém ganhará razão se não puder evitar perda de vidas humanas", concluiu.
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