A barraca do curso de Engenharia Mecânica da Semana Académica do Algarve, que se realiza de 1 a 10 de maio, está a gerar polémica, uma vez que incentiva as estudantes do sexo feminino a mostrar as zonas íntimas em troca de bebidas grátis.
As imagens da "barraquinha" foram amplamente partilhadas nas redes sociais, inclusive por várias ativistas, como foi o caso de Inês Marinho, da associação 'Não Partilhes'.
"Festas académicas não são zonas de abuso", começou por escrever a jovem na sua conta de Instagram, onde divulga um vídeo da barraca em questão.
Nas imagens, como descreveu Inês Marinho, veem-se vários cartazes a promover a "objetificação e hipersexualização" das mulheres. "Mostra as mamas e ganhas um shot", "contador de mamas" e "melhor morancona", são apenas alguns exemplos.
De acordo com a ativista, os responsáveis pela barraca, que tem mais de 2.400 seguidores na conta de Instagram - criada para promover o local e que, entretanto, foi tornada privada -, têm também partilhado "vídeos e fotos de raparigas despidas", "gritos de grupo obscenos" e "referências a sites pornográficos".
Notou ainda Inês Marinho que "onde há jovens vulneráveis, alcoolizados, em festas, não pode haver espaço para este tipo de comportamento", lembrando que "o problema é que isto não é só no Algarve, é uma prática comum em espaços académicos".
"Ideia abjeta da mulher coisificada"
No Facebook, o presidente da Assembleia Municipal de Faro, Cristóvão Norte, também reagiu à situação, revelando que agiu contra a mesma.
"Respeito os estudantes da Universidade do Algarve, a semana académica e até alguns excessos inofensivos. Também os cometi! Mas respeito sempre mais a mulher, o seu papel na sociedade, repudiando totalmente a ideia abjeta da mulher coisificada, um atentado à dignidade que está patente neste episódio. A linguagem de caserna é de mau gosto, mas sobretudo o desafio despudorado à exibição do corpo em troca de álcool é muito triste e revoltante. Não é o ato, é o que ele revela", realçou o responsável, apelando a um "pedido de desculpas".
"Quem faz isto deve um pedido de desculpas e compreender que o que faz é muito ofensivo. É necessário e só lhes ficará bem, reconhecer o erro. Se não o compreender a Associação Académica tem que ordenar a retirada. Se ninguém agir, alguém tem que o fazer. E se ninguém o fizer, eu diligenciarei nesse sentido”, escreveu.
Numa atualização feita posteriormente, Cristóvão contou que acabou por falar com o reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas e que este mostrou uma posição "muito firme" em relação ao assunto, intimidando "a Associação Académica com vista à retirada imediata dos elementos ofensivos".
Revelou ainda o presidente da Assembleia Municipal de Faro que o presidente da Associação Académica em causa já tinha "tomado, de modo próprio, essa decisão" e que a "barraquinha" vai ser redecorada.
O Notícias ao Minuto está a tentar perceber, junto da Associação Académica do Algarve, se isso já aconteceu. No entanto, até ao momento, não obteve resposta às tentativas de contacto.
Recorde-se que a Semana Académica do Algarve vai já a meio, uma vez que começou no dia 1 de maio e termina a 10. Portanto, a controversa "barraquinha" esteve, pelo menos, cinco dias, com a polémica decoração, sem qualquer consequência.
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