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ONU responsabiliza "lideranças dos dois lados" em conflito no Sudão

O representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Sudão, Volker Perthes, rejeitou hoje culpabilizações à comunidade internacional pela grave situação que o país africano enfrenta, atribuindo exclusivamente responsabilidades às partes em conflito.

ONU responsabiliza "lideranças dos dois lados" em conflito no Sudão
Notícias ao Minuto

17:06 - 22/05/23 por Lusa

Mundo Sudão

Num 'briefing' ao Conselho de Segurança sobre a Missão das Nações Unidas no Sudão (Unitams), Perthes afirmou que o conflito não mostra sinais de desaceleração e responsabilizou o exército sudanês e o grupo paramilitar Força de Apoio Rápido (RSF) por "escolherem resolver os seus conflitos no campo de batalha e não na mesa".

"Alguns colocaram a culpa deste conflito na comunidade internacional por não ter visto os sinais de alerta. Outros culpam o processo político, ou o Acordo-Quadro, que pretendia levar a um Governo liderado por civis. Ou a comunidade internacional por dar um papel descomunal a homens armados no processo", disse.

"Mas sejamos claros: a responsabilidade pela luta é daqueles que a travam diariamente. É das lideranças dos dois lados que compartilham a responsabilidade de escolher resolver os seus conflitos no campo de batalha e não na mesa. É a decisão deles que está a devastar o Sudão. E eles podem acabar com isso", frisou o diplomata alemão.

Apresentando "estimativas conservadoras" sobre os números do conflito, Volker Perthes - que é também líder da Unitams - indicou que mais de 700 pessoas já perderam a vida, incluindo 190 crianças, e 6.000 ficaram feridas, além dos "muitos desaparecidos".

Desde o início dos combates, em 15 de abril, mais de um milhão de pessoas foram deslocadas: mais de 840.000 procuraram abrigo em áreas rurais e outras localidades, enquanto 250.000 pessoas cruzaram as fronteiras sudanesas.

Do total de deslocados, quase 8.000 são mulheres grávidas, destacou o representante da ONU.

"Sou grato aos países que estão a receber refugiados e repatriados que fogem do Sudão. É vital que as fronteiras permaneçam abertas para aqueles que buscam segurança. Os procedimentos nas passagens de fronteira devem ser acelerados", instou.

De acordo com Volker Perthes, em locais como Cartum ou Darfur, as partes em conflito continuam a lutar sem levar em conta as leis e normas da guerra, danificando ou destruindo infraestruturas civis criticas.

"Estou chocado com os relatos de violência sexual contra mulheres e meninas, incluindo alegações de violações em Cartum e Darfur. As Nações Unidas estão a verificar esses casos. As partes em conflito devem prevenir qualquer recorrência de tal violência", disse ainda o alemão.

A ONU está igualmente preocupada com a situação das crianças no país, que estão vulneráveis ao recrutamento para fins militares, violência sexual e sequestro.

Num momento de frágil situação de segurança, a criminalidade no Sudão tem sido agravada pela libertação de milhares de prisioneiros e pela crescente disseminação de armas pequenas.

O exército sudanês e o grupo paramilitar RSF voltaram hoje a envolver-se em graves confrontos, poucas horas antes da entrada em vigor de um cessar-fogo alcançado no sábado na cidade portuária saudita de Jeddah e mediado pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos.

Face à fragilidade do acordo, Perthes voltou a apelar às partes em que conflito para que honrem a declaração de compromissos, permitam o acesso à ajuda humanitária, protejam os trabalhadores e bens humanitários e permitam a passagem segura para os civis deixarem as áreas de hostilidade.

Leia Também: Sudão. Exército e paramilitares continuam combates antes do cessar-fogo

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