"A realidade é que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e as tensões que lhe estão subjacentes não serão resolvidos por meios militares. Ele deve ser resolvido pacificamente", disse Cyril Ramaphosa, em comunicado.
Segundo Ramaphosa, a África do Sul procura com a sua posição neutral "contribuir para a criação de condições que tornem possível uma resolução duradoura do conflito", uma posição que em momento algum "favorece a Rússia em detrimento de outros países". E também não quer "pôr em causa as nossas relações com outros países".
"De acordo com a nossa posição relativamente a outros conflitos noutras partes do mundo, a África do Sul acredita que a comunidade internacional deve trabalhar em conjunto para conseguir urgentemente a cessação das hostilidades e evitar mais perdas de vidas e deslocações de civis na Ucrânia", prosseguiu.
Ramaphosa disse ainda que teve reuniões com o Presidente norte-americano, Joe Biden, e com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, para confirmar a posição de não-alinhamento da África do Sul.
Recordou que, desde o início da guerra na Ucrânia, a África do Sul tem estado "sob uma pressão extraordinária para abandonar a sua posição de não-alinhamento e tomar partido no que é, de facto, uma disputa entre a Rússia e o Ocidente".
"Guiados pelas lições da nossa história, continuaremos a resistir aos apelos de qualquer lado para abandonar a nossa política externa independente e não-alinhada", acrescentou.
A polémica surgiu depois de o embaixador dos Estados Unidos na África do Sul, Reuben Brigety, ter afirmado, numa conferência de imprensa em Pretória, que o país africano forneceu armamento à Rússia através do navio russo "Lady R", que atracou na base naval de Simon's Town, na Cidade do Cabo (sudoeste), em dezembro de 2022.
"Armar os russos é extremamente grave. E não consideramos que este problema esteja resolvido. E gostaríamos que a África do Sul praticasse a sua política de não-alinhamento", sublinhou o diplomata.
Rampahosa anunciou na quinta-feira passada que o seu Governo está a investigar as alegações do embaixador americano.
No entanto, Brigety indicou, um dia depois, que as suas palavras foram mal interpretadas e falou com a ministra das Relações Internacionais e da Cooperação sul-africana, Naledi Pandor, para "corrigir qualquer má interpretação deixada" pelos seus "comentários públicos".
A posição de neutralidade da África do Sul não está apenas ligada ao papel político e económico estratégico de Moscovo em alguns países africanos, mas também a razões históricas, como o apoio da Rússia aos movimentos anticoloniais e de libertação no século XX, como a luta contra o regime do apartheid.
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