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ONG condena suspensão da France 24 pelas autoridades do Burkina Faso

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch considerou hoje a suspensão pelo Burkina Faso do canal de televisão estatal francês France 24, de violar "o direito a uma comunicação social livre e independente".

ONG condena suspensão da France 24 pelas autoridades do Burkina Faso
Notícias ao Minuto

19:48 - 29/03/23 por Lusa

Mundo France 24

"As autoridades burquinabês deveriam levantar a proibição das emissões do canal France 24 e impedir novas tentativas de silenciar os meios de comunicação social críticos", disse em comunicado Mausi Segun, diretor da ONG para o continente africano.

Em causa está uma entrevista ao líder da organização extremista Al-Qaida no Magrebe Islâmico (AQMI), transmitida em 06 de março.

"A grave situação de segurança no Burkina Faso não deve ser utilizada como pretexto para restringir os direitos fundamentais do povo burquinabê de procurar e aceder à informação através de meios de comunicação independentes", acrescentou Mausi Segun.

A suspensão das emissões da France 24 foi anunciada na segunda-feira.

Segundo a Human Rights Watch (HRW), "a suspensão da France 24 acontece quando se verificam crescentes tentativas das autoridades do Burkina Faso de restringir as operações dos meios de comunicação independentes, e do crescente sentimento antifrancês".

A medida "viola" a lei do país, que não dá ao governo o poder de suspender os meios de comunicação, advertiu a HRW.

A direção da France 24 lamentou a suspensão e contestou "as acusações infundadas que põem em causa o profissionalismo do canal", expressando indignação "pelas observações ultrajantes e difamatórias feitas pelo governo burquinabê".

A direção da France 24 alega que não tinha dado a palavra diretamente ao líder da AQIM, mas através de uma "crónica" que forneceu "o necessário distanciamento e contextualização" e confirmou "pela primeira vez" que o refém francês Olivier Dubois, recentemente libertado, estava em poder da AQIM.

No início de dezembro, as autoridades de Ouagadougou já tinham suspendido a emissão da Radio France Internationale (RFI), do mesmo grupo da France 24, France Médias Monde.

A RFI foi nomeadamente acusada de ter transmitido "uma mensagem de intimidação" atribuída a um "líder terrorista".

O Burkina Faso, governado por uma junta militar desde o golpe de Estado de janeiro de 2022, contra o então Presidente Roch Marc Christian Kaboré, vive uma insegurança crescente desde 2015.

A junta militar é agora liderada por Ibrahim Traoré, que protagonizou uma revolta em setembro considerada como um "golpe palaciano" contra o até então líder, Paul-Henri Sandaogo Damiba.

Desde 2015, o Burkina Faso vive uma espiral de violência perpetrada por organizações fundamentalistas islâmicas ligadas à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico, que causaram um total de 10 mil mortos - civis e soldados - segundo várias ONG, e cerca de dois milhões deslocados.

Leia Também: União Europeia e França condenam suspensão da France 24 no Burkina Faso

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