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Morreu Lucy, a única mulher trans italiana a resistir ao Holocausto

Italiana tinha 98 anos e ainda hoje em dia sofria com pesadelos relacionados com o que viveu nos campos de concentração.

Morreu Lucy, a única mulher trans italiana a resistir ao Holocausto
Notícias ao Minuto

14:15 - 23/03/23 por Notícias ao Minuto

Mundo Nazismo

Morreu, na quarta-feira, Lucy Salani, a única mulher transexual italiana que sobreviveu aos campos de concentração nazis, na Segunda Guerra Mundial. Tinha 98 anos.

A notícia foi confirmada pelo fundador do grupo Sentinelli e conselheiro regional da Lombardia, Luca Paladini, e repercutida pelos meios de comunicação social italianos.

"A nossa sócia honorária Lucy Salani partiu. Teve uma vida longa, durante a qual experimentou o horror dos campos de concentração e a liberdade de ser ela própria", lê-se na publicação partilhada no Facebook por Luca Paladini.

Quem também já reagiu à morte de Lucy Salani foi a vice-presidente do Parlamento Europeu e eurodeputada italiana, Pina Picierno. 

"É impossível esquecer a entrevista que deu o ano passado, na qual relatou a sua experiência no campo de concentração de Dachau. Nunca esqueceremos a sua coragem e a sua luta pela liberdade. Que descanse em paz", escreveu a parlamentar do Partido Democrático italiano.

"Sempre fui eu mesma"

Lucy Salani nasceu em 1924 em Fossano, no seio de uma família antifascista. Em 1944, após ter desertado do exército fascista italiano, foi deportada para Dachau, ao qual conseguiu sobreviver, apesar de ter ficado para sempre traumatizada.

Recentemente, num documentário intitulado 'C'è um soffio di vita soltanto' ('Um Sopro de Vida', em português) confessou que, ainda hoje em dia, tem pesadelos com o que lá viu. "Viver para mim é um milagre, eu cheguei a morrer lá", descreveu.

Nessa mesma longa-metragem, Lucy disse que apesar de ter assumido vários papéis ao longo da vida, sempre foi fiel a si própria.

"Fui menino, filho, filha, desertor, prisioneiro, mãe, prostituta e amante. Mas, seja qual for a pessoa que fui, posso dizer com convicção que sempre fui eu mesma", referiu em conversa com os realizadores Matteo Botrugno e Daniele Coluccini que, entretanto, também já lamentaram a sua morte.

"Tivemos o privilégio e a sorte de conhecer Lucy há alguns anos e desde aí que criamos um vínculo indissolúvel, um vínculo que vai além do artístico e profissional. A Lucy é uma referência humana para nós e para inúmeras pessoas que conheceram a sua história e que a amaram pela sua resistência, orgulho e força extraordinária. A Lucy partiu, mas a sua memória e a sua história ficarão gravadas não só na memória daqueles que, como nós, a amaram, como também na memória coletiva do nosso país", lê-se na publicação dos autores de 'C'è um soffio di vita soltanto' nas redes sociais.

Leia Também: Parlamento russo declara como genocídio crimes nazis contra população soviética

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