O ministério dos Negócios Estrangeiros da ilha expressou "profunda insatisfação" com a visita, que "fere gravemente os sentimentos do povo taiwanês", de acordo com a agência de notícias taiwanesa CNA.

O ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan explicou que, desde que a presidente das Honduras, Xiomara Castro, assumiu a presidência hondurenha, Taipé "negociou ativamente a cooperação bilateral com o governo hondurenho dentro das suas possibilidades", o que "demonstra a boa vontade de Taiwan em ajudar o desenvolvimento" do país centro-americano.

Taipé acusou Tegucigalpa de "desconsiderar a tradicional amizade entre os dois países, que tem mais de 80 anos".

O governo de Taiwan afirmou que as Honduras "pediram um alto preço" para manter relações diplomáticas com Taipé, depois de o país da América Central ter anunciado a sua intenção de estabelecer laços com Pequim.

O ministro dos Negócios Estrangeiros taiwanês, Joseph Wu, afirmou, durante uma reunião da Comissão para as Relações Externas, que Taipé "não vai entrar no jogo da diplomacia monetária" de Pequim e acusou a República Popular da China de "reprimir constantemente Taiwan no cenário internacional".

"A China está a suprimir o espaço diplomático de Taiwan e há sinais de intervenção chinesa nas Honduras", disse Wu.

O ministro garantiu que o "estado das relações com as Honduras não é bom" e afirmou estar ciente da notícia de que uma delegação hondurenha chefiada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Eduardo Enrique Reina, está a caminho da China, para administrar o estabelecimento oficial de relações diplomáticas com Pequim.

Xiomara Castro, anunciou, na semana passada, através da rede social Twitter, que pediu a Reina que estabelecesse relações diplomáticas com a China.

Isto acarreta automaticamente um rompimento dos laços com Taiwan.

O ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan negou hoje ter recebido uma notificação oficial das Honduras sobre o fim das relações diplomáticas.

Taiwan declarou que faria "tudo o possível" para preservar as relações com Honduras e aconselhou a nação latino-americana a "acautelar-se com as falsas promessas da China".

A rutura das relações com Taiwan por parte das Honduras reduz para treze o número de países com os quais Taipé mantém relações diplomáticas oficiais.

As Honduras são o nono país - e o quinto latino-americano - que desde 2016 cortou laços com a ilha para estabelecer relações com Pequim.

Quatro países latino-americanos - Panamá, El Salvador, República Dominicana e Nicarágua - romperam relações com Taiwan nos últimos anos em favor da República Popular da China.

Taiwan mantém relações diplomáticas com Guatemala, Cidade do Vaticano, Haiti, Paraguai, Essuatíni, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.

Os laços entre Honduras e Taiwan datam de 1941, quando o governo da República da China era o regime vigente no continente chinês.

Situada no Oceano Pacífico, a mais de cem quilómetros da China continental, Taiwan integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek, após a II Guerra Mundial.

Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, o regime que passou então a vigorar no continente chinês.

A China considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força para assumir controlo sobre a ilha.

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