Em janeiro, o banco central da África do Sul anunciou uma previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,3% para este ano, contra 2% em 2022.
As conclusões do FMI após uma missão ao país indicam, contudo, que as perspetivas de curto prazo se deterioraram e "espera-se que o crescimento real do PIB desacelere acentuadamente para 0,1% em 2023, principalmente devido a um aumento significativo na intensidade dos cortes de energia".
"Os desafios económicos e sociais da África do Sul estão a acumular-se, representando um risco de estagnação, no meio de uma crise energética sem precedentes", avisou o FMI em comunicado.
O PIB contraiu 1,3% no último trimestre de 2022 e a economia do país pode terminar este primeiro trimestre de 2023 também a contrair.
A crise de eletricidade agravou-se na África do Sul desde o ano passado, com a redução programada de carga por vezes a durar até 12 horas por dia.
A estatal Eskom é incapaz de produzir o suficiente para os 60 milhões de habitantes da África do Sul, com centrais envelhecidas e mal conservadas.
Os cortes custaram mais de 50 milhões de dólares (45,98 milhões de euros) por dia em perda de produção, de acordo com estimativas do Ministério da Energia.
O Governo está ciente "da maioria dos riscos para o crescimento económico e está a trabalhar em medidas para enfrentá-los", garantiu o ministério em comunicado.
O FMI, que terminou a sua missão ao país em 17 de março, apontou além da crise da eletricidade, "estrangulamentos logísticos e de infraestrutura cada vez mais acentuados, ambiente externo menos favorável e choques climáticos".
Os riscos externos para a estagnação económica incluem um "abrandamento global mais profundo e prolongado, um abrandar dos preços das matérias-primas e uma mudança no sentimento dos investidores mundiais em relação aos mercados emergentes", escrevem os técnicos do FMI.
A nível interno, apontam "atrasos na resolução da crise energética" mas também "progressos mais lentos do que o esperado ou inversão nas reformas e políticas, incluindo de consolidação orçamental, e aumento da incerteza política".
A África do Sul, considerada o maior produtor de eletricidade no continente, produzida em 80% do carvão, importa também 75% da produção total da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), em Moçambique.
Leia Também: Milhares nas ruas contra criminalidade e desemprego na África do Sul