O primeiro projeto de resolução, que reuniu a aprovação de todos os 15 Estados-membros do Conselho, estende o mandato da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão por mais um ano, até 17 de março de 2024, sem fazer nenhuma alteração nas suas tarefas e prioridades.
Também o segundo projeto de resolução levado a votos conseguiu o apoio total do Conselho de Segurança, aprovando que o secretário-geral da ONU conduza uma avaliação independente sobre as dificuldades a que o Afeganistão está sujeito.
O Japão e os Emirados Árabes Unidos, co-detentores do dossiê do Afeganistão e autores dos dois projetos de resolução, saudaram a unanimidade em torno do tema e prometeram que o povo afegão não será abandonado.
"Num momento em que o Afeganistão enfrenta desafios profundamente difíceis, o Conselho respondeu com uma mensagem forte e unificada, de que o Afeganistão, e em particular as meninas e mulheres do país, não serão abandonados", indicaram os dois países num comunicado conjunto.
O Japão e os Emirados Árabes Unidos defenderam ainda a sua proposta de uma avaliação independente, argumentando que é precisa uma estratégia política internacional coerente para o Afeganistão e afirmando que a manutenção do 'status quo' não resultará em resultados positivos no terreno.
"Esta proposta reflete o nosso reconhecimento de que o Afeganistão enfrenta um conjunto excecional de desafios. Ao solicitar essa avaliação, o Conselho de Segurança não está apenas a demonstrar a sua profunda preocupação, mas está a optar por fazer algo a esse respeito", frisaram.
O Reino Unido defendeu que a decisão unânime de renovar o mandato da Unama envia uma mensagem clara de que a comunidade internacional não abandonará as mulheres e meninas afegãs.
"O trabalho da missão na proteção, promoção e monitorização dos direitos de todos os afegãos, incluindo a defesa de uma governança inclusiva e representativa, é mais importante do que nunca. E, por meio dele, trabalharemos para responsabilizar os Talibã pelos seus compromissos", frisou.
Os Estados Unidos avaliaram que, com a extensão do mandato da Unama, a ONU poderá continuar o seu trabalho para restaurar a capacidade dos afegãos de exercer os seus direitos humanos.
A ONU considera que o Afeganistão se tornou, desde a tomada do poder pelos talibã, o país mais repressivo do mundo para as mulheres e meninas, privadas de muitos direitos básicos.
Apesar das promessas iniciais de uma postura mais moderada, os talibã impuseram medidas duras desde que assumiram o poder, em agosto de 2021, quando as forças norte-americanas e da NATO estavam nas últimas semanas da sua retirada do Afeganistão, após duas décadas de guerra.
Os talibã baniram a educação de meninas além do sexto ano de escolaridade e proibiram as mulheres de frequentarem espaços públicos como parques e ginásios.
As restrições, especialmente as proibições de educação e trabalho em organizações não-governamentais, receberam uma forte condenação internacional, mas os talibã não dão sinais de ceder, alegando que as proibições são suspensões temporárias, supostamente porque as mulheres não usavam corretamente o lenço islâmico, ou hijab, e negando qualquer segregação de género.
[Notícia atualizada às 15h26]
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