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Itália autoriza envio para Afeganistão de corpos de vítimas de naufrágio

O Governo italiano recuou hoje na intenção de transferir os corpos dos afegãos que morreram no naufrágio da Calábria (sul) para o cemitério islâmico de Bolonha (norte), aceitando trasladá-los para o Afeganistão, como exigem os familiares das vítimas.

Itália autoriza envio para Afeganistão de corpos de vítimas de naufrágio
Notícias ao Minuto

17:53 - 08/03/23 por Lusa

Mundo Governo

O município de Crotone, cidade diante da qual um navio com cerca de duas centenas de migrantes ilegais afundou a 26 de fevereiro - foram até agora encontrados os corpos de 72 vítimas, maioritariamente afegãos -, anunciou a suspensão da transferência das urnas das vítimas, que poderão ser repatriadas para os países de origem, se os familiares assim o desejarem.

O Governo italiano e a Região da Calábria arcarão com as despesas de repatriamento das famílias das vítimas, explicou a delegada do governo regional da Calábria, Carolina Ippolito.

Horas antes, familiares das vítimas ocuparam uma estrada para protestar contra a trasladação dos corpos das vítimas para Bolonha, a quase 1.000 quilómetros de distância.

A mobilização, que ocorreu de forma pacífica, conseguiu bloquear o trânsito na estrada de acesso a Palamilone, cidade próxima de Crotone, onde estão preservados os restos mortais de grande parte das vítimas mortais.

Segundo a imprensa local, cerca de 24 corpos serão enterrados no cemitério islâmico de Bolonha, enquanto os 17 caixões das vítimas cujas famílias decidiram trasladá-los para o Afeganistão permanecerão na Calábria até que os problemas burocráticos sejam resolvidos.

O naufrágio ocorreu há dez dias, quando o barco que transportava cerca de duas centenas de migrantes, a maioria afegãos, iranianos, paquistaneses e sírios, afundou a apenas 150 metros da praia de Cutro.

Até agora, dos 72 corpos encontrados, 56 foram identificados, enquanto continuam as buscas para procurar mais cadáveres.

Na sequência do naufrágio foram resgatadas com vida 81 pessoas. 

O Ministério Público italiano está a investigar a operação de resgate nas horas anteriores ao naufrágio, pois há indicações de que as autoridades locais não terão feito o suficiente para salvar os migrantes.

Várias organizações não-governamentais (ONG) italianas, partidos políticos, sindicatos e ativistas convocaram uma manifestação para pedir "verdade e justiça" para o próximo sábado em Cutro, onde se reunirá quinta-feira o Governo de extrema-direita liderado por Giorgia Meloni, amplamente criticada por não ter comparecido no velório conjunto, o mesmo sucedendo com os restantes membros do executivo.

"Vamos para as ruas exigir justiça para as vítimas. Não podemos continuar a contar as mortes desnecessárias de crianças, mulheres e homens que se afogam num mar de indiferença", disse a SOS Mediterranèe, uma das ONG que apoiam o resgate de migrantes no Mar Mediterrâneo.

Também hoje ficou a saber-se da morte de um dos supostos contrabandistas do navio, um turco de 30 anos identificado pelos sobreviventes da tragédia e que morreu durante o naufrágio, confirmou a Guarda Costeira italiana.

Na Áustria, foi preso o traficante que controlava o barco antes do naufrágio, um turco de 28 anos que fugira de Itália e que estava escondido numa casa no país vizinho, segundo a imprensa austríaca de hoje.

Leia Também: Migrações. Ministro italiano culpa manobra dos traficantes por naufrágio

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