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Migrações. Ministro italiano culpa manobra dos traficantes por naufrágio

O naufrágio ocorrido em 26 de fevereiro ao largo da costa italiana e que matou pelo menos 72 migrantes foi causado por uma manobra abrupta feita pelos traficantes que conduziam a embarcação, garantiu hoje o ministro do Interior italiano.

Migrações. Ministro italiano culpa manobra dos traficantes por naufrágio
Notícias ao Minuto

16:46 - 07/03/23 por Lusa

Mundo Migrantes

A afirmação de Matteo Piantedosi foi avançada hoje no parlamento italiano, onde o ministro apresentou aos deputados o seu relatório sobre o naufrágio de um barco de pesca que transportava mais de 180 pessoas.

Cerca de 80 pessoas sobreviveram à tragédia e outras 30 estão dadas como desaparecidas.

Segundo o ministro italiano, nos momentos imediatamente anteriores ao naufrágio, quando o barco estava a cerca de 200 metros da costa, foram vistas luzes a piscar na praia, tendo os traficantes -- que estavam ao comando da embarcação -- temido a presença da polícia na zona onde iam desembarcar as pessoas.

Piantedosi alegou que os traficantes fizeram então uma curva fechada, na tentativa de mudar a direção do barco e afastá-lo daquela zona.

"Com base nos elementos apurados pelo Ministério da Justiça, os barqueiros decidiram desembarcar num local considerado mais seguro e à noite por recearem que houvesse controlo no local previsto", referiu, acrescentando que o plano era chegar próximo do areal, fazer o desembarque dos migrantes a bordo e fugir.

No entanto, argumentou o ministro, a reviravolta abrupta do barco causou o naufrágio.

"A embarcação, que estava muito próxima da costa e no meio de ondas fortes, bateu, com toda probabilidade, num baixio do mar, partindo a parte inferior do casco, e começando a encher-se de água", relatou.

O naufrágio e consequentes mortes -- que a Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que possam chegar a mais de 100 -- suscitaram duras críticas contra o Governo de Itália, acusado de recusar ajuda em alto mar.

Acusações que o ministro do Interior rejeitou, considerando que a alegação de que o Governo italiano impede os navios das organizações humanitárias de resgatar migrantes no Mediterrâneo é uma "mentira grave".

"Afirmar que os resgates terão sido condicionados ou mesmo impedidos pelo Governo é uma falsidade grave que ofende, acima de tudo, a honra e o profissionalismo dos operadores envolvidos diariamente [em ações] no mar, em cenários particularmente difíceis", referiu.

Salvar vidas "é sempre a prioridade" de qualquer intervenção, acrescentou o ministro do Interior italiano.

No relatório hoje apresentado aos deputados, Matteo Piantedosi assegurou que o Governo italiano nunca impediu o resgate de migrantes no mar, sendo, antes, responsável por salvar milhares de pessoas.

"De 22 de outubro de 2022 a 27 de fevereiro de 2023, as autoridades [italianas] participaram em 407 eventos de busca e resgate, resgatando 24.601 pessoas", segundo o relatório.

No total, entre as operações das unidades de salvamento e resgate e as da polícia, foram resgatadas 36.489 pessoas, acrescentou o documento.

Piantedosi adiantou, no entanto, que os resgates só são feitos quando é sinalizada uma emergência, assegurando que isso não aconteceu no dia 26 de fevereiro.

Para Matteo Piantedosi, o que o Governo italiano pretende é "interromper a sequência trágica de mortes no mar".

Porque "a causa principal, imediata e direta [das mortes no mar] são as redes criminosas que se dedicam ao auxílio e cumplicidade da migração irregular" e porque "a causa fundamental [da situação] reside nos persistentes e crescentes desequilíbrios entre o norte e o sul do mundo", argumentou o ministro.

"Este Governo voltou finalmente a trazer o tema da migração para o centro da agenda política, em todas as dimensões: ao nível nacional, ao nível europeu, com os países de trânsito e de origem dos fluxos", concluiu Piantedosi.

Dois dos quatro alegados traficantes ao comando do barco estão em prisão preventiva, acusados de homicídio, tendo as autoridades italianas aberto uma investigação para averiguar se as operações de resgate foram atrasadas por negligência.

O Governo de extrema-direita liderado por Giorgia Meloni tem vindo a defender a guarda costeira italiana, que garantiu ter seguido as regras para lidar com este tipo de situações.

Tanto Giorgia Meloni como Matteo Piantedosi têm adotado posições polémicas sobre a catástrofe, tendo mesmo chegado a culpar as vítimas pelo naufrágio da embarcação.

Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, nomeadamente aos territórios italiano e maltês.

Leia Também: Governo de Itália garante não ter impedido salvamento de migrantes

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