"A minha avaliação é que a situação agravou-se consideravelmente", disse Anais Marin, durante uma reunião por ocasião do Conselho dos Direitos do Homem (CDH).
"A situação vai de mal a pior", acentuou.
Esta relatora, mandatada pelo CDH, mas que não fala em nome da ONU, vai apresentar nos próximos dias um relatório sobre as violações dos direitos humanos na Bielorrússia, ocorridas no quadro das eleições presidenciais de há três anos.
Alexandre Loukachenko, aliado do presidente russo, Vladimir Putin, ganhou um sexto mandato em agosto de 2020, em eleições criticadas largamente pela comunidade internacional e pela oposição, que as consideraram fraudulentas.
Desde então, há uma repressão crescente sobre toda e qualquer forma de oposição e crítica política.
Marin detalhou que existem "pelo menos 1.400" presos políticos e mais de 700 organizações da sociedade civil tiveram de fechar nos últimos três anos.
Existem ainda 32 jornalistas e colaboradores da comunicação social detidos, acrescentou, citando a Associação de Jornalistas da Bielorrússia.
Um exemplo flagrante desta repressão é o veredicto esperado na sexta-feira do processo contra Bialiatski, que foi um dos distinguidos em 2022 com o Nobel da Paz e é fundador do cntro de defesa dos direitos humanos Viasna.
Bialiatski e os seus colaboradores Valentin Stefanovich e Vladimir Labkovich arriscam, cada um, 12 anos de prisão.
"É uma grande tragédia", disse à AFP Natalia Satsunckevich, da Viasna, que participou a reunião de hoje, em Genebra.
"Eles estão atrás das grades apenas porque ajudaram outras pessoas a exercer os seus direitos. Não cometeram nenhum crime", acrescentou.
Mais de 20 grupos de defesa dos direitos humanos, entre os quais a Amnistia Internacional e o Human Rights Watch, publicaram hoje uma declaração em que denunciam as perseguições judiciais contra os três homens e exigem a sua "libertação imediata e incondicional".
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