Apesar do frio e da neve, simpatizantes de Nemtsov e críticos do Kremlin lotaram durante todo o dia a ponte onde o político foi baleado, depositando fotos e ramos de flores, noticiou a agência Efe.
Entre os que prestaram homenagem ao político, estavam os líderes do único partido de oposição legal neste país, o Yabloko, que é contra a campanha militar russa na Ucrânia.
Segundo órgãos de comunicação social, a polícia deteve pelo menos um ativista que colocou uma placa na ponte onde está localizado um memorial improvisado desde 2015.
Em anos anteriores, uma delegação de diplomatas ocidentais aproximava-se da ponte para lembrar Boris Nemtsov, gesto que a imprensa não noticiou nesta ocasião.
A polícia, que não vê com bons olhos a existência do referido memorial e já por diversas vezes retirou as imagens da ponte, monitorizou as ações nas imediações ao longo do dia.
Outros membros da oposição ao Kremlin também homenagearam o político no cemitério de Moscovo, onde este se encontra sepultado.
Atos semelhantes ocorreram em cidades como Nizhny Novgorod, onde nasceu e serviu como governador após a queda da União Soviética, Kazan, Yekaterinburg ou Novosibirsk, na Sibéria.
Ainda antes de Putin assumir o poder, o ex-vice-primeiro-ministro Boris Nemtsov também se perfilou como candidato à sucessão do Presidente Boris Ieltsin.
Depois, Nemtsov tornou-se um grande crítico do atual chefe de Estado russo nos anos 2000 e, em 2014, opôs-se à anexação da Crimeia e ao apoio militar do Kremlin aos separatistas no leste da Ucrânia.
O carismático oponente também acusou o Presidente Vladimir Putin de corrupção ao receber os Jogos Olímpicos de Sochi em 2014.
Menos de um ano depois, em fevereiro de 2015, Nemtsov foi baleado quatro vezes nas costas, numa ponte a algumas dezenas de metros do Kremlin. Tinha 55 anos.
Cinco homens, todos da Chechénia, foram condenados por preparar e executar o assassinato do opositor do Kremlin.
A família de Nemtsov considera Putin "politicamente responsável" pelo assassínio por criar a atmosfera de ódio contra a oposição após a anexação da Crimeia e a guerra no Donbass em 2014.
O advogado de Nemtsov, Vadim Prokhorov, acusou Putin de atrapalhar o esclarecimento do caso, já que nunca foi identificado quem contratou o homicídio, sendo que muitos opositores acusam o líder checheno, Ramzan Kadyrov.
Kadyrov, que antes do assassínio rotulou oponentes como Nemtsov de "inimigos do povo", descreveu o autor do crime como um "autêntico patriota russo".
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