Ucrânia. Num ano, países europeus fizeram "muito menos" do que EUA
O papel dos Estados Unidos no fornecimento de armas à Ucrânia "foi decisivo" para enfrentar a Rússia, disse à Lusa o cientista político Richard Betts, avaliando que os europeus fizeram "muito menos" por Kyiv do que os norte-americanos.
© Adri Salido/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Ucrânia/1 ano
Para Betts, diretor do programa de Política de Segurança Internacional da Universidade de Columbia, a justificação para o facto de a maioria dos aliados europeus ter transferido uma ajuda menor à Ucrânia passa por "terem investido muito menos em capacidades militares nos últimos anos".
Contudo, relativamente ao fornecimento de tanques, "os Estados Unidos (EUA) têm sido mais contidos do que a maioria dos países europeus desde o início da guerra, em grande parte para coagir a Alemanha a fazer mais, mas essa diferença provavelmente será resolvida em breve", disse o analista.
Também Colin Anderson, professor no Departamento de Ciência Política da Universidade de Buffalo, de Nova Iorque, considerou que a ajuda bélica dos EUA -- predominantemente através de armas e veículos de combate -- fez pender a balança a favor da Ucrânia de forma "bastante significativa".
"A análise anterior do conflito, realizada antes da invasão da Rússia, mostrava a Ucrânia a perder rapidamente, uma vez que as forças armadas da Rússia eram maiores, melhor equipadas e tinham uma economia maior por trás delas", disse à Lusa o especialista em política russa e estudos de conflito.
Anderson recordou que, no início da guerra, o equipamento militar da Ucrânia era composto, em grande parte, por antigo armamento soviético, totalmente desatualizado.
Nesse sentido, as armas fornecidas pelos EUA e pela União Europeia acabaram por ser "cruciais" para permitir que a Ucrânia se defendesse eficazmente, afirmou.
"Armas como os lançadores de mísseis antitanque portáteis Javelin, permitiram que a Ucrânia se defendesse com mais facilidade. O equipamento militar da Rússia não havia enfrentado diretamente o equipamento da NATO de maneira tão ampla antes, pelo que era difícil estimar inicialmente o quão útil seria. Agora, que estamos há um ano no conflito, podemos ver o efeito que essas armas tiveram", observou.
"Em suma, as armas doadas ajudaram a Ucrânia a superar um défice bastante grande de pessoal militar e de armamento", concluiu o professor universitário.
Além de garantir formas de a Ucrânia se defender, esse fornecimento de armas ofereceu aos aliados ocidentais uma oportunidade única de poderem estudar e avaliar o funcionamento dos seus próprios sistemas de armas no terreno, sob uso intenso.
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