Em declarações hoje à agência Lusa, durante a viagem entre Monção, no distrito de Viana do Castelo, e o aeroporto de Lisboa, o coordenador da Subzone -- Search and Rescue Team, Gonçalo Oliveira, disse que a missão que agora vão iniciar representa o "culminar de muitos anos de formação e de participação em simulacros internacionais" realizados nos últimos 10 anos.
"Estamos preparados. Este é um caminho que vamos trilhar sem saber aquilo que esperamos. Contudo, a nossa experiência ao longo dos anos em simulacros internacionais e o conhecimento das equipas que estão no terreno, porque participámos nos simulacros com elas, vão permitir que a nossa atividade seja um sucesso", garantiu Gonçalo Oliveira.
A equipa, constituída por uma mulher e oito homens, com idades entre os 27 e os 57 anos, já participou em operações de busca, salvamento e resgate, mas a missão "na fronteira entre a Turquia e a Síria, abalada pelos terramotos de segunda-feira, é "a primeira desta dimensão", sendo encarada como "um novo desafio".
"É um desafio que nos traz algumas preocupações relativamente ao que vamos encontrar. No entanto, o grupo está muito coeso, muito unido e, certamente, vai prestar um bom serviço à comunidade turca, um grande apoio às vítimas, quer em termos operacionais, na busca, salvamento e resgate, como também em termos psicológicos", garantiu Gonçalo Oliveira.
A Subzone -- Search and Rescue Team, de Monção, é uma associação de proteção civil, criada há cerca 10 anos naquele município, e tem sede no quartel dos Bombeiros Voluntários.
Desde segunda-feira, após os terramotos, iniciaram contactos com a embaixada da Turquia, em Portugal, a oferecer ajuda.
"Foi-nos dada luz verde para poder avançar. Levamos todo o equipamento necessário para fazer a primeira abordagem à vítima e para apoiar as outras equipas que já se encontrem no local. Podemos fazer substituição de equipas, intervir numa primeira linha, bem como numa segunda linha, mediante o mecanismo de proteção civil na Turquia", explicou Gonçalo Oliveira.
A equipa, coordenada por Gonçalo Nuno Oliveira, é constituída por João Carlos Parra, Ivo Fernandes, Manuel Carlos Gonçalves, Pedro Silva, João Lourenço, Vítor Teixeira, Marlene Falcão e Paulo Campos.
A missão do grupo, constituído por enfermeiros, bombeiros, professores, bancários e um empresário, teve o "apoio incondicional da Câmara de Monção, de empresas do concelho e de municípios limítrofes".
Os sismos, com epicentro no sul da Turquia, provocaram 3.377 mortos na Síria e 17.674 nas regiões turcas vizinhas, de acordo com a contagem provisória divulgada hoje.
As autoridades e equipas de socorro admitem que o balanço de vítimas mortais continuará a aumentar à medida que sejam removidos os escombros dos inúmeros edifícios que colapsaram.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que 23 milhões de pessoas estão "potencialmente em risco, incluindo cerca de cinco milhões de pessoas vulneráveis".
A OMS afirmou ainda recear uma grande crise sanitária que poderá causar ainda mais danos do que os sismos, segundo a agência francesa AFP.
O sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu o sudeste da Turquia e o norte da vizinha Síria na madrugada de segunda-feira.
Foi seguido de várias réplicas e de um novo terramoto de magnitude 7,5, que os especialistas disseram ter sido consequência do primeiro.
O sismo inicial libertou tensão acumulada que foi depois transferida para uma falha próxima, resultando num segundo sismo nove horas mais tarde, disseram cientistas ao jornal norte-americano The Wall Street Journal.
Com base no tempo e na proximidade, os dois terramotos são considerados parte do mesmo evento sísmico, que ocorreu na intersecção de três placas tectónicas.
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