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África está "a ganhar proeminência" e "Rússia procura apoios"

África está a tornar-se proeminente a nível mundial e a Rússia procurar garantir apoios ou neutralidade destes países, disse esta terça-feira à Lusa um especialista em relações internacionais, a propósito da visita do chefe da diplomacia russa a Angola

África está "a ganhar proeminência" e "Rússia procura apoios"
Notícias ao Minuto

21:40 - 24/01/23 por Lusa

Mundo Rússia

O continente africano tem estado nos últimos tempos no centro da diplomacia internacional: em dezembro do ano passado realizou-se a cimeira EUA-África, na qual Joe Biden recebeu vários líderes africanos, incluindo João Lourenço, em janeiro houve um périplo africano do recém-empossado ministro das Relações Exteriores chinês, Qin Gang, e é agora a vez do responsável russo, Serguei Lavrov.

O diplomata russo, que chegou esta terça-feira a Luanda, encontra-se na quarta-feira com o seu homólogo Téte Antonio e com o presidente João Lourenço, no âmbito de uma visita a vários países africanos iniciada na Africa do Sul.

Para o jornalista e analista Peter Fabricius, a deslocação de Serguei Lavrov surge na sequência da polarização gerada pelo conflito na Ucrânia e a necessidade de reunir apoios.

"Por um lado, Africa é um continente um pouco indeciso, por outro, existe a questão dos recursos naturais que se têm tornado cada vez mais importantes, sobretudo as terras rara, cada vez mais valiosas para as energias renováveis e carros elétricos", disse o especialista, resumindo: "África está a ganhar proeminência mundial".

Angola - cujo partido no poder desde a independência em 1975, o MPLA, foi apoiado pela Rússia na guerra civil que manteve contra a UNITA durante 30 anos - tem vindo, no entanto, a redefinir a sua posição face a esta potência.

Angola que se absteve inicialmente na ONU na condenação da invasão russa da Ucrânia, depois votou contra a anexação de quatro regiões da Ucrânia pela Rússia e mais recentemente, João Lourenço, insistiu nos apelos ao fim da guerra e exortou a Rússia a dar o primeiro passo.

"Não sei se vão abordar isso e como o tema será discutido em termos diplomáticos, penso essencialmente que ambas as partes procuram mobilizar apoios. No caso de Angola está a virar-se mais para o Ocidente e procura investimentos mais diversificados, penso que a Rússia não tem muito para oferecer em termos económicos", disse o investigador do Instituto for Security Studies (sul-africano).

No entanto, Angola vai procurar manter influência em ambos os lados. "De momento, o foco é reforçar as relações com o Ocidente e os EUA, penso que devido à necessidade diversificação económica. Por outro lado, a Rússia procura apoios", continuou o especialista, salientando que após encontrar-se com o seu homólogo sul-africano, Naledi Pandor, Lavrov saudou a posição neutral mantida por aquele país.

"Penso que não esperam grandes apoios, mas querem pelo menos manter os países africanos neutrais", adiantou Peter Fabricius, frisando que Lavrov quer demonstrar que a Rússia ainda tem aliados em África e ir ao máximo de países.

Questionado sobre o que a Rússia tem para oferecer aos países africanos assinalou que as relações económicas estão maioritariamente ligados a área militar e de defesa e que continua a existir da parte de alguns países africanos (alguns governados por juntas militares) necessidade de suporte nesta área.

Por outro lado, países como a África do Sul "querem mostrar ao Ocidente que não vão fazer o que lhes mandam, querem manter o seu não alinhamento", realçou.

Leia Também: Lavrov em Angola para aproximar os dois países, diz embaixador russo

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