Meteorologia

  • 27 JULHO 2024
Tempo
19º
MIN 19º MÁX 28º

Oposição repudia "crueldade" no caso de corpos queimados em Cabo Delgado

Os dois partidos de oposição moçambicanos com assento no parlamento repudiaram hoje a "crueldade" no caso do vídeo que mostra supostos militares sul-africanos a queimar corpos de rebeldes em Moçambique, pedindo "respeito pelos direitos humanos".

Oposição repudia "crueldade" no caso de corpos queimados em Cabo Delgado
Notícias ao Minuto

17:53 - 11/01/23 por Lusa

Mundo Cabo Delgado

"Queremos manifestar o nosso repúdio a esta crueldade. Não há razões para perpetrar violência deste nível", disse à Lusa José Manteigas, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição em Moçambique.

Em causa está um vídeo, divulgado nas redes sociais, que mostra militares alegadamente do exército sul-africano e outros elementos desconhecidos a atirarem cadáveres para uma pilha de escombros a arder, um episódio que resultou na abertura de uma investigação pelas Forças Armadas da África do Sul.

Para o porta-voz da Renamo, o "tratamento cruel" dos militares "se assemelha aos atos praticados pelos terroristas", que protagonizam ataques armados há cinco anos em Cabo Delgado.

"Quando [os militares] filmam este tipo de atos e publicam, demonstram pequenez e indiferença ao real problema do terrorismo, ou seja, agem igual aos terroristas e não se pode permitir isso", frisou Ismael Nhacucue, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), em declarações à Lusa.

O MDM pede que seja feita uma "investigação exaustiva" para a responsabilização dos "mentores da barbaridade", alertando que a atitude dos militares pode criar "ódio e vontade de retaliação" nos grupos insurgentes.

"Não podemos tolerar que qualquer das partes abuse dos direitos humanos e ponha-os em causa através de chacinas deste nível", referiu Ismael Nhacucue, num apelo ao respeito pelos direitos humanos.

A oposição criticou ainda o facto de o Estado moçambicano não se ter pronunciado sobre o caso, referindo que, como país anfitrião, Moçambique devia ser "o primeiro a se posicionar".

"Nós como país, como Estado, devíamos estar na dianteira de qualquer investigação para poder aferir de quem é a responsabilidade (...) porque o Estado é nosso e a violência está a acontecer no nosso país", frisou o porta-voz da Renamo.

Segundo uma nota da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF), o incidente, que já está a ser condenado pela oposição sul-africana, terá ocorrido durante novembro de 2022 em Cabo Delgado, para onde a África do Sul destacou um contingente militar como parte da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Leia Também: ONG exige responsabilização no caso de corpos queimados em Cabo Delgado

Recomendados para si

;
Campo obrigatório