Oposição repudia "crueldade" no caso de corpos queimados em Cabo Delgado

Os dois partidos de oposição moçambicanos com assento no parlamento repudiaram hoje a "crueldade" no caso do vídeo que mostra supostos militares sul-africanos a queimar corpos de rebeldes em Moçambique, pedindo "respeito pelos direitos humanos".

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© CAMILLE LAFFONT/AFP via Getty Images

Lusa
11/01/2023 17:53 ‧ 11/01/2023 por Lusa

Mundo

Cabo Delgado

"Queremos manifestar o nosso repúdio a esta crueldade. Não há razões para perpetrar violência deste nível", disse à Lusa José Manteigas, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição em Moçambique.

Em causa está um vídeo, divulgado nas redes sociais, que mostra militares alegadamente do exército sul-africano e outros elementos desconhecidos a atirarem cadáveres para uma pilha de escombros a arder, um episódio que resultou na abertura de uma investigação pelas Forças Armadas da África do Sul.

Para o porta-voz da Renamo, o "tratamento cruel" dos militares "se assemelha aos atos praticados pelos terroristas", que protagonizam ataques armados há cinco anos em Cabo Delgado.

"Quando [os militares] filmam este tipo de atos e publicam, demonstram pequenez e indiferença ao real problema do terrorismo, ou seja, agem igual aos terroristas e não se pode permitir isso", frisou Ismael Nhacucue, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), em declarações à Lusa.

O MDM pede que seja feita uma "investigação exaustiva" para a responsabilização dos "mentores da barbaridade", alertando que a atitude dos militares pode criar "ódio e vontade de retaliação" nos grupos insurgentes.

"Não podemos tolerar que qualquer das partes abuse dos direitos humanos e ponha-os em causa através de chacinas deste nível", referiu Ismael Nhacucue, num apelo ao respeito pelos direitos humanos.

A oposição criticou ainda o facto de o Estado moçambicano não se ter pronunciado sobre o caso, referindo que, como país anfitrião, Moçambique devia ser "o primeiro a se posicionar".

"Nós como país, como Estado, devíamos estar na dianteira de qualquer investigação para poder aferir de quem é a responsabilidade (...) porque o Estado é nosso e a violência está a acontecer no nosso país", frisou o porta-voz da Renamo.

Segundo uma nota da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF), o incidente, que já está a ser condenado pela oposição sul-africana, terá ocorrido durante novembro de 2022 em Cabo Delgado, para onde a África do Sul destacou um contingente militar como parte da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Leia Também: ONG exige responsabilização no caso de corpos queimados em Cabo Delgado

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