Como o preço da eletricidade em França coloca em risco as amadas baguetes
O governo francês já anunciou um apoio para os padeiros em dificuldades financeiras.
© Reuters
Mundo Energia
A indústria panificadora francesa está alarmada com os aumentos do preço da eletricidade que se aproximam em 2023.
"Era absolutamente inconcebível para mim que uma conta de luz pudesse me obrigar a fechar a minha loja", disse à AFP Julien Bernard-Regnard, um padeiro desesperado na vila de Bourgaltroff, no leste da França.
Depois de os seus gastos com eletricidade passarem de cerca de 400 euros por mês para quase 1.500, o homem teve de fechar o negócio.
"Estou em muitos grupos online com outros padeiros e nas redes sociais. Há padarias a fechar todos os dias. Algumas têm contas que são multiplicadas por 10 ou 12. Há outra pessoa a 40 quilómetros de mim que acabou de fechar também," acrescentou.
Em muitas aldeias, como Bourgaltroff, a padaria local é o último negócio sobrevivente, que serve também para venda de cigarros e bilhetes de lotaria - além de servir como ponto de encontro.
Assim, a baguete francesa - recentemente descrita como "250 gramas de magia e perfeição" pelo presidente Emmanuel Macron -, corre o risco de aumentar radicalmente o preço - e até mesmo escassear para muitos franceses.
Num país onde, segundo a própria AFP, a disponibilidade de pão diário crocante é uma questão política, o governo de Macron já anunciou que tudo fará para proteger os 35.000 fabricantes de pães e croissants do país.
A primeira-ministra, Elisabeth Borne, anunciou na terça-feira que os padeiros com problemas podem pedir o adiamento do pagamento dos seus impostos e encargos sociais, enquanto o ministro da Economia, Bruno Le Maire reuniu com a federação nacional de padeiros.
Le Maire reconheceu que os fabricantes de pão do país estavam "preocupados" e alguns "em completo desespero" apenas um mês depois de o setor ser declarada Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Embora a França tenha limitado os preços da eletricidade para os consumidores, limitando os aumentos a 4% em 2022 e 15% em 2023, essa proteção não existe para as empresas.
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