Iraniana recebe ameaças após competir em prova de xadrez sem hijab

Em causa está a atleta Sara Khadem, que esteve presente no Campeonato Mundial de Xadrez Rápido e Blitz da FIDE.

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© Twitter / Sara Khadem

Ema Gil Pires
03/01/2023 13:50 ‧ 03/01/2023 por Ema Gil Pires

Mundo

Irão

Depois de ter participado numa competição internacional sem usar o hijab, a jogadora de xadrez iraniana Sara Khadem aterrou em território espanhol esta terça-feira, depois de ter sido alvo de ameaças para que não voltasse ao país onde nasceu, reportou uma fonte próxima, aqui citada pela Reuters.

Sara Khadem competiu, no final de dezembro, no Campeonato Mundial de Xadrez Rápido e Blitz da FIDE (Federação Internacional de Xadrez) em Almaty, no Cazaquistão, sem o referido véu islâmico. 

A fonte, que não quis ser identificada devido à sensibilidade do tema, referiu que a atleta recebeu, depois da referida prova, vários telefonemas em que indivíduos a advertiram contra o regresso a casa após o torneio. Porém, outros disseram-lhe que deveria voltar ao Irão, prometendo ajudá-la a "resolver o seu problema".

De acordo com a Reuters, a fonte explicou ainda que os familiares de Sara Khadem, incluindo os seus pais, que estão atualmente no Irão, também tinham recebido ameaças, embora não tenha dado mais detalhes sobre a situação.

As ameaças de que esta jogadora de Xadrez foi alvo levariam a organização da prova de xadrez a fornecer segurança adicional à atleta, em cooperação com a polícia do Cazaquistão, através da colocação de quatro guarda-costas à porta do quarto de hotel de Khadem.

Até ao momento, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão não fez qualquer comentário sobre o caso.

A chegada da atleta a Espanha surge depois de, na semana passada, jornais como Le Figaro e El País terem noticiado que Sara Khadem não regressaria ao Irão e que, por isso, se mudaria para território espanhol.

Sara Khadem nasceu em 1997 e está, neste momento, na 804.ª posição do ranking mundial de xadrez, de acordo com a informação veiculada no site da Federação Internacional de Xadrez.  

Este trata-se do mais recente caso de atletas iranianas a competirem em provas internacionais sem o véu islâmico, cujo uso é obrigatório, segundo os rigorosos códigos de vestuário do Irão - num claro movimento de protesto contra as imposições do regime atualmente em vigor no país.

Tudo isto surge na sequência da morte da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, no mês de setembro, quando estava sob custódia da polícia da moralidade por uso incorreto do hijab. Desde então, têm-se registado inúmeros protestos em território iraniano contra a liderança do país. 

No decorrer dessas manifestações, morreram já mais de 500 pessoas, com outras 18 mil a terem já sido detidas pelas autoridades, segundo dão conta os números fornecidos pela organização não-governamental Iran Human Rights.

Leia Também: Iraniana Sara Khadem compete em prova de xadrez sem hijab

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