À medida que a saúde do antigo Papa Bento XVI piora, não estava claro se os protocolos usados pela Igreja Católica após morte de um chefe da Igreja Católica se iriam aplicar também a um Papa emérito. 

Segundo fontes do Vaticano, citadas pela Reuters esta sexta-feira, o pontificado está a pensar elaborar, pelo menos parcialmente, novos protocolos que podem servir de modelo para outros Papas que optam por renunciar, em vez de permanecer no cargo até à morte.

Quando renunciou ao pontificado, Bento XVI tornou-se no primeiro Papa a fazê-lo nos últimos 600 anos. Nascido com o nome Joseph Ratzinger, o cardeal alemão foi eleito em abril de 2005 e escolheu o nome de Benedict (Bento, em português).

Durante quase uma década, os dois Papas estiveram próximos, uma vez que Bento ficou a viver nos Jardins do Vaticano, no mosteiro Mater Ecclesiae, em Itália, e aparecia, ocasionalmente, ao lado do sucessor, o Papa Francisco.

"Nunca aconteceu antes, um Papa vivo ajudar a enterrar um Papa morto", disse o historiador católico John McGreevy, citado pela BBC News, salientando que mesmo a Idade Média não oferece um modelo.

Quando o Papa Gregório XII, o último líder católico a renunciar antes de Bento XVI, morreu em 1417, não foram feitas cerimónias fúnebres. Gregory tinha renunciado dois anos antes, em 1415, e passou o restante tempo, após essa decisão, a centenas de quilómetros de Roma. Além disso, foi discretamente enterrado em Recanati, uma cidade perto da costa norte do mar Adriático.

No entanto, de acordo com fontes do Vaticano, que falaram com a Reuters em anonimato, será muito diferente com o falecimento de Bento XVI, de 95 anos, que está em estado grave, mas estável, após uma súbita deterioração da saúde durante o Natal.

Os protocolos para um Papa reinante incluem uma constituição de 30 páginas chamada 'Universi Dominici Gregis' ("o pastor de todo o rebanho do Senhor") e 'Ordo Exsequiarum Romani Pontificis' (rituais fúnebres para um pontífice romano).

Estas regras esclarecem que o enterro de um Papa deve ocorrer entre quatro a seis dias após a sua morte, como parte de um período de luto de nove dias conhecido como 'Novendiale'.

De acordo com fontes do Vaticano, os rituais fúnebres de Bento XVI vão depender de dois elementos principais: se o próprio ex-Papa deixou instruções e as decisões que serão tomadas pelo Papa Francisco.

Francisco, que sempre elogiou o seu antecessor como um grande Papa que teve a coragem de renunciar, segundo a autoridade o Vaticano, citada pela Reuters, provavelmente vai querer dar a Bento XVI a despedida cerimonial mais solene possível.

O redator de assuntos do Vaticano, Massimo Franco, já tinha dito à BBC na quinta-feira que todos os procedimentos terão de ser "escritos do zero" mas que, após a renúncia de Bento XVI em 2013, a Igreja Católica não especificou o que seria feito no caso da morte.

Segundo Franco, "para alguns dentro da Igreja Católica, a renúncia de Bento representa uma circunstância única que nunca terá que se repetir. Para outros pode representar um precedente e, portanto, pode se repetir", explicou, acrescentando que  continuava a ser um grande ponto de interrogação, assim como tudo que envolve a morte e o funeral de Bento XVI".

O Papa Francisco soou o alarme sobre a saúde de Bento XVI, de 95 anos, quando pediu, durante a audiência geral de quarta-feira, uma oração especial pelo antecessor, avançando estava “muito doente”.

Mais tarde, Francisco visitou Bento na casa na Cidade do Vaticano. O porta-voz do Vaticano confirmou, mais tarde, que o estado de Bento XVI tinha piorado nas últimas horas, devido à idade, esclarecendo, no entanto, que  estava estável. 

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