Os confrontos entre grupos armados, que começaram a 24 de dezembro, forçaram 30.000 pessoas a fugir para a região administrativa de Grande Pibor, incluindo mulheres e crianças, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), que também relatou "roubo de gado" e "destruição de propriedade".
"As pessoas já sofreram o suficiente. Os civis - especialmente os mais vulneráveis - mulheres, crianças, idosos e deficientes - estão a suportar o peso desta crise contínua", disse Sara Beysolow Nyanti, coordenadora humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU) no Sudão do Sul, numa declaração.
O país mais jovem do mundo, o Sudão do Sul, tem sido marcado pela violência política e comunitária e por confrontos por disputas sobre gado e terras há décadas.
"Esta violência tem de acabar", urgiu Nyanti.
Os confrontos entre milícias são comuns no Sudão do Sul. Pelo menos 166 pessoas foram mortas e 237 feridas em quatro meses em confrontos entre milícias armadas no estado do Alto Nilo, no noroeste do Sudão meridional, disse o Alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, em 14 de dezembro.
Segundo a ONU, cerca de 9,4 milhões de pessoas necessitarão de assistência humanitária em 2023 no Sudão do Sul, que tem 11,4 milhões de habitantes. Outros cerca de 2,2 milhões de pessoas não puderam regressar a casa por causa da "violência prolongada".
Depois de conquistar a independência do Sudão em 2011, o Sudão do Sul caiu numa guerra civil entre Riek Machar e Salva Kiir, conflito que fez cerca de 400.000 mortos e milhões de desalojados entre 2013 e 2018.
Um acordo de paz assinado em 2018 prevê a partilha do poder num Governo de unidade, com Kiir como Presidente e Machar como o primeiro vice-presidente do país.
O acordo, contudo, continua em grande parte por implementar, devido às contínuas rixas entre os dois rivais, deixando o país atormentado pela violência e instabilidade crónicas.
A ONU e a comunidade internacional acusam regularmente a liderança do Sudão do Sul de manter o status quo, alimentando a violência, suprimindo as liberdades políticas e apropriando-se indevidamente de fundos públicos.
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